O Bentley Flying Spur deslizou pelas ruas movimentadas de São Paulo. Olhei pela janela. Eu não conhecia quase nada da cidade além da favela onde cresci. Mas, graças às aulas que vinha tendo e à minha curiosidade, podia dizer que já conhecia o mundo _ainda que só pelos livros.
Foi então que alguém abriu a porta e entrou, sentando-se ao meu lado.
Só percebi quando o perfume forte invadiu meu espaço.
_Você, de novo? -perguntei, incrédula, virando o rosto para a janela e mordendo o punho.
_Isso só pode ser brincadeira! -ele resmungou, como se também estivesse surpreso. _Você não disse que estava indisponível?
_Pra você, claro que estou! E, para sua informação, eu não pergunto o nome dos meus clientes. -Minha voz saiu cortante, indignada.
Ele tampou minha boca de repente. Quando me soltou, apertou meu nariz, frustrado.
_Não fale nada que vá me comprometer. Aliás, melhor não dizer nada. Só responda o necessário, o resto deixa comigo.
Afastei a mão dele, com o peito queimando