84. SEMPRE ME ENCONTRAM
VICTORIA:
Lá estava ela. Vestida com seu casaco vermelho intenso, suas botas com restos de neve e aquela expressão de calculada suficiência que sempre trazia consigo. Ana entrou no restaurante, e cada movimento seu estava marcado por uma confiança desbordante; seus olhos se cravaram em mim antes de percorrer, sem pressa, Ricardo e Carlos.
—Sabia que não estava enganada —continuou com um sorriso que tinha mais de desafio do que de cordialidade.
Ricardo manteve sua postura serena, não moveu um único músculo do rosto enquanto continuava bebendo o chocolate quente. Seu joelho, ainda pressionando o meu, se manteve firme; seu contato era a única âncora nesse cenário que já parecia fora de controle.
Carlos foi o primeiro a falar, levantou uma mão chamando Ana. Era ridículo, como se fosse necessário que ele indicasse nossa mesa.
—Uau, Ana, você sempre aparecendo nos momentos precisos. —Carlos se levantou para puxar a cadeira para ela—. O que eu teria feito sem sua admirável capacidade