83. A CHEGADA DE CARLOS
VICTORIA:
A manhã chegou sem que eu percebesse; tudo estava escuro e a tempestade ainda não tinha passado. Ricardo dormia profundamente ao meu lado. Fiquei quieta, sem querer acordá-lo. Mas a necessidade de ir ao banheiro me obrigou a levantar. Lembro-me claramente do que ele me dissera na noite anterior. Não podia deixar que aquelas palavras me enganassem. Ricardo não me amava; isso era claro, ele apenas tinha a obsessão de que um filho seu não crescesse sem um pai como ele.
Ao sair do banheiro, vi que ele ainda estava dormindo, abraçado à minha almofada, mas eu estava com fome. A gravidez parece que me obriga a comer. Em silêncio, vesti-me bem agasalhada, pois o frio era intenso. Sentia-me ainda sonolenta. Abraçada ao meu próprio corpo, avancei pelo corredor em direção ao restaurante. Por sorte, estava quente, com uma linda lareira no centro.
Os olhares de todos os clientes se fixaram em mim, mas minha fome era maior. Dirigi-me à mesa, servi-me um bom café da manhã e sentei-me e