40. O CASAMENTO
VICTORIA:
Guardei silêncio diante de sua ameaça, porque isso era o que era. Afinal, já havia assinado um contrato que dizia que o faria. E talvez fosse melhor fazê-lo devido à minha estupidez de transferir toda a minha fortuna para o nome dele e pela possibilidade de que eu estivesse grávida. Isso era outra coisa que teríamos que analisar.
O edifício do registro civil erguia-se à nossa frente, cinza e imponente. Avistei meu tio apoiado em sua bengala, com seu assistente segurando sua maleta. Ainda tinha a impressão de que ele era o mais interessado neste falso casamento.
Fiquei imóvel no banco de trás, observando como alguns casais entravam felizes, com flores e vestidos brancos. Que diferente era meu caso: um terno executivo preto e uma expressão que mais parecia a de alguém que ia a um funeral do que a minha própria boda.
—Você pensa em ficar o dia todo no carro? —Ricardo me surpreendeu ao abrir minha porta e olhar para mim com impaciência.
—Dê-me um minuto —respondi, tentan