Luna Narrando
Passei mais uma semana no hospital depois que acordei do coma. Foram dias intensos, cheios de exames, testes, avaliações médicas e fisioterapia. Meu corpo estava enfraquecido, como se tivesse sido esvaziado de energia, e cada pequeno movimento parecia uma vitória. Eu precisei reaprender a me levantar sozinha, a caminhar sem ajuda e a confiar que meu corpo ainda era meu.
Além do físico, veio o impacto emocional. As memórias ainda são confusas, fragmentadas, e às vezes me pegava olhando para o teto branco do quarto sem saber onde estava. Tive crises de choro no meio da madrugada, momentos em que o medo voltava com tudo, e eu me sentia de novo naquele lugar escuro e solitário onde fiquei presa. Mas mesmo assim, eu consegui. Tô de pé. Forte. Fisicamente, pelo menos.
Comecei a terapia ali mesmo no hospital. A psicóloga vinha todos os dias. No começo, eu mal falava. Só chorava e balançava a cabeça. Mas aos poucos fui soltando a voz. Ela dizia que era importante nomear os sent