Luna Narrando
A manhã começou meio corrida. Minha mãe marcou uma entrevista na Ferraz com algumas candidatas pra trabalhar no meu apartamento uma cozinheira e uma arrumadeira. Como o Marcos tinha uma reunião cedo, foi direto pra empresa. Eu passei na casa dos meus pais pra pegar minha mãe, e a gente foi juntas.
No carro, com o rádio baixo e minha mãe mexendo no celular, ela comentou:
— A Flora saiu cedo hoje. Nem a vi.
— Tá cheia de trabalho, né? — respondi, olhando pela janela.
— A semana foi pesada pra ela.
— Coitada. Precisa descansar, mas também, ela quer carregar o peso do mundo sozinha, eu queria tanto ver minha filha leve e feliz.
Concordei em silêncio, mas por dentro achei estranho. A Flora sair tão cedo? Ela não foi dormir em casa, então? Nem deu sinal hoje, tá com o engenheiro bonitão, mas enfim, segui o fluxo.
Chegamos à Ferraz pouco antes das oito. As candidatas pra entrevista ainda estavam chegando, umas já sentadas na recepção, outras preenchendo fichas com a recepcio