Evan Narrando
O dia começou cedo no canteiro. Como engenheiro responsável pela obra, eu já estava lá antes das sete, tomando café num copo descartável e resolvendo pendência que ficou da tarde anterior. Era dia de concretagem da laje do segundo pavimento, e todo mundo sabe que isso exige atenção dobrada. Revisamos a armação, conferimos os níveis, e, logo depois, os caminhões começaram a chegar.
A manhã passou voando. Entre fiscalizar, orientar a equipe e resolver problema com fornecimento de material que atrasou, nem percebi a fome chegando. Só fui lembrar do almoço quando meu estômago roncou no meio da explicação de um ajudante sobre a diferença de medidas no escoramento. Dei uma risada, bati nas costas dele e fui em direção ao escritório improvisado da obra.
Mal sentei, o telefone tocou. Era minha irmã.
— Evan, vamos jantar aqui em casa hoje? A Ana passou. Vai fazer Direito.
— Jura? Que notícia boa — respondi, abrindo um sorriso. — Claro que vou, só me diz a hora.
— Oito tá bom? A