Nicolas Santorini
A presença de meus pais na mansão era um evento raro, quase uma anomalia em nossa rotina. Desde que os primeiros sinais da demência de minha mãe começaram a se manifestar, meu pai havia restringido drasticamente suas viagens e aparições públicas. A dinâmica familiar, antes marcada por jantares formais e compromissos sociais, havia se transformado em um ciclo de cuidados silenciosos e preocupações constantes. Tê-los ali, especialmente sob aquelas circunstâncias, despertava em mim um turbilhão de emoções conflitantes: a alegria nostálgica de tê-los por perto, contrastando com a angústia de testemunhar o declínio progressivo de minha mãe.
Após o incidente perturbador na sala de estudos, quando minha mãe confundiu Jhulietta com uma tal de Mônica, uma peça crucial parecia faltar no quebra-cabeça. Algo simplesmente não se encaixava. Embora meu pai tivesse oferecido uma explicação plausível, o desconforto que pairava em seus olhos, a sombra de hesitação em sua voz, me dizia