O vento frio de outono arrancava as últimas folhas ressecadas das árvores lá fora. Eu observava tudo pela janela, sentindo o vidro gelado na testa, como se aquilo pudesse me ancorar. O céu cinzento parecia uma extensão do meu humor. Era primeiro de novembro, e fazia duas semanas que Grady havia partido.
Duas semanas de dias longos e noites ainda mais desoladoras.
A cada toque do telefone ou batida na porta, meu coração pulava, torcendo para que fosse ele. Mas não era. Sempre não era. Repeti esse ritual muitas vezes, sempre me agarrando a uma esperança vazia. Em um momento de desespero, na noite anterior, cheguei a ligar para ele. A voz gravada na secretária eletrônica foi a única resposta que recebi. Desliguei antes mesmo de terminar a mensagem.
Era inútil. Ele havia dito tudo o que tinha para dizer e, claramente, não pretendia voltar.
Suspirei e olhei para o relógio de pêndulo na parede. Tinha duas horas até que as crianças voltassem da escola. Precisava usar bem esse tempo.
Dias atr