Virei-me para pegar os copos e quase dei um pulo ao perceber que o peito de Grady O’Neil estava bem diante dos meus olhos.
— Eu enxugo — ele disse, pegando o pano da bancada.
— Não se preocupe. Eu consigo fazer sozinha.
Grady me olhou e tentou esboçar um sorriso, mas algo em sua expressão parecia diferente.
— Minha avó costumava dizer que o motivo para não olhar os dentes de um cavalo dado é que ele pode acabar mordendo você.
Minha resposta saiu no mesmo tom defensivo de sempre.
— Ela também dizia que, muitas vezes, esses cavalos dados são apenas mulas disfarçadas.
O semblante dele ficou sério, quase pensativo, como se estivesse decidindo algo importante.
— E ela também dizia que não se pode julgar um homem até caminhar um quilômetro com os sapatos dele. É a única forma de perceber que o pé dele pode não ser tão grande quanto você imaginava.
O significado das palavras me atingiu em cheio, como um soco no estômago, e senti um nó se formar na garganta.
— Grady, eu...
— Não diga nada, Ho