Cyrus
A escuridão da masmorra não era diferente da que habitava em meu peito naquele instante. Uma sombra densa, viscosa, feita de ira contida e um desprezo que crescia como veneno. Apoiado contra a parede, envolto pelas sombras que obedeciam apenas à minha vontade, eu estava ali. Imóvel. Observando.
Ela pediu que eu não interferisse.
Ravena. Minha companheira. Minha rainha.
Ela precisava encarar o monstro com os próprios olhos. Precisava olhar para aquela escória e lembrar-se de que não era mais a fêmea subjugada de antes. Era o pesadelo daqueles que a feriram. Era poder encarnado. A justiça que os deuses abandonaram.
Vi a porta abrir e os guardas saírem. Recuaram com respeito, talvez com medo. E ela entrou.
Meu peito se inflou, de orgulho, e algo mais feroz, mais instintivo. Um orgulho primitivo, talvez, mas também uma reverência silenciosa. Ela parecia feita de tempestade e sombra, uma força antiga que rompia as correntes da memória e do medo.
Marcel a reconheceu. Seus olhos arreg