Sinto o peso do silêncio ao redor, como se a própria floresta suspirasse por mim, e meu coração bate forte, anunciando que não há retorno. Estou de volta ao lugar onde nasci.
A cabana solitária, erguida entre troncos robustos, agora meu refúgio e minha prisão. Caminho pelo pequeno espaço, sentindo o ar úmido misturar-se ao cheiro de terra e folhagem, enquanto o sol vespertino filtra-se por frestas na copa densa.
Cada passo ecoa em meu peito, sou a sóbria testemunha de meu próprio abandono. Os lobos evitam se aproximar; percebo seus olhares cautelosos além das árvores, recuando para que eu não veja sua compaixão, ou talvez medo do que me tornei.
Mas preciso resistir, devo viver, ainda que isolada, na esperança tênue de que meu companheiro, o mais lindo desse mundo, retorne para reivindicar-me algum dia.
Pego frutas silvestres para comer, amoras, framboesas e pequenas bagas douradas que encontro em moitas ocultas. Sigo mais adentro, colhendo cogumelos que reconheço como comestíveis, a