Ravena
O sol nascia diante de mim, como uma chama sagrada que atravessava o horizonte com sua luz alaranjada e vibrante. A brisa suave soprava do leste, carregando o perfume das rosas rubro silvestres que ainda floriam nas bordas do mirante.
Era o mesmo lugar onde Cyrus e eu havíamos nos unido sob a lua de sangue. Dois dias haviam se passado, mas o sabor daquela noite ainda dançava em minha pele, como se estivesse gravado em minha essência.
Eu estava nua. De pé. Os pés descalços tocavam as pedras mornas da sacada encharcada de orvalho. O vento brincava com meus cabelos como dedos invisíveis. E eu murmurava.
Palavras que não compreendia.
Sílabas carregadas de um idioma antigo, místico. Uma melodia surda que saía de minha boca sem minha permissão, como se alguém, ou algo, falasse através de mim.
— Et d'lahara'k vos, en'thala riin...— sussurrei, os olhos fixos na linha do sol que se ergueu completamente agora, tingindo o mundo com o dourado dos deuses.
— O que está murmurando para o sol,