Capítulo 5

Angelina Mendes

— Vou direto ao assunto, você tem um filho? Recebemos uma denúncia de uma das meninas que perdeu no teste da corrida. – Não entendo o motivo de tanto alarde e respondo, estando ciente que nas normas para se candidatar não havia impedimento em relação.

— Tenho sim, Junior. – Glenda se levanta.

— Então você tem um filho, Angelina, não aceitamos meninas com filhos. Por que omitiu? Na sua ficha esta informação não está marcada, perante à lei, seu sobrinho é seu filho, já investigaram tudo e acabo de ser comunicada. – Fico horrorizada.

— Eu apenas não me atentei, preenchi o formulário correndo, eu não tenho o porquê de esconder meu filho e no edital para participar da seleção, este não era um problema, observei isso. – Eu não posso acreditar no que está acontecendo.

— Sinto muito querida, eu realmente gostei muito de ti, você teria muito futuro nos Jets, porém recebo ordens, eu não posso em hipótese alguma deixar passar esta informação e o fato de não ter no edital, não quer dizer que a direção não se importa, certas coisas não podem ser publicadas, podem gerar alguns processos. – Fico desesperada. Eu não tenho como me manter sem emprego.

— Glenda, por favor, é meu sonho. – Ela apenas me interrompe e pede para que eu passe no RH na segunda-feira para receber os dias de trabalho.

Sigo para o vestiário tentando me controlar e falho. Paro um pouco nas arquibancadas já vazias para tentar pensar no que fazer e não consigo parar de chorar, meu sonho está indo embora e eu não posso aparentemente fazer nada.

Depois de uns vinte minutos e um pouco mais calma, decido pegar minhas coisas e no caminho esbarro em uma líder de torcida que sai do vestiário toda descabelada e com a roupa toda molhada.

Acabo entrando pela área dos jogadores e percebo que provavelmente estou só, vou até a área dos fisioterapeutas, tiro meu jaleco, o boné, fico apenas com uma calça legging branca, o top verde do time, sento-me em frente ao armário, abaixo a cabeça e tento controlar a frustração da demissão que jorra no meu rosto.

Alguns instantes depois, percebo que não estou sozinha. Alguém está parado a minha frente. Abro os olhos e vou levantando devagar a cabeça, e a visão que tenho seria uma das melhores da minha vida se não fosse o momento.

Vejo um belo exemplar de homem bem torneado, com músculos definidos, muito alto, pele clara, porém bronzeada e apenas com uma toalha presa um pouco abaixo do seu quadril em um caminho com o formato de um V tentador.

Meu Deus, só pode ser uma alucinação! Não consigo parar de olhá-lo. Seu peitoral respingado do seu recente banho me faz querer tocar nas gotinhas e por consequência contornar seus músculos.

Levanto o olhar, chego a prender a respiração ao ver seu rosto de homem, que remete a masculinidade e não a um cara superficial visto em revistas, seus olhos azuis pequenos são intensos, os cabelos lisos em um tom de loiro escuro arrepiado e molhado é daqueles que dá vontade de puxar.

Seus lábios perfeitos parecem ser macios, posso jurar que eles me chamam como um ímã e eu já imagino a sua barba por fazer me causando arrepios ao se aproximar do meu rosto. Respiro fundo e percebendo que já tenho muito tempo admirando o ser, decido falar.

— D-desculpe-me, eu não sabia que o senhor estava aqui. – Seus lábios se curvam em um sorriso, o mais lindo que já vi e diz com uma voz grave que parece bem conhecida:

— Charles Finningan, qual seu nome? – Seu olhar intenso me deixa desconcertada, então respondo tentando não gaguejar:

— Angelina Mendes... Hum, preciso pegar minhas coisas.

Desvio meu olhar para baixo para tentar ser discreta ao encarar seu peitoral por mais tempo que o necessário, também para limpar um pouco meu rosto, vejo um volume marcado na toalha que me faz corar, para completar ele segura meu queixo deixando todo meu corpo arrepiado com seu toque e nossos olhares se encontram.

— Por que está chorando, Angelina? – Penso em omitir, mas não consigo.

— Acabei de ser demitida e eu tenho que ir embora, poderia me dar licença, por favor? – Levanto e o Sr. Finningan parece ficar chateado.

— Angelina, posso te levar em casa? Se você estiver de carro, dirigir assim não é bom! – Enquanto arrumo minhas coisas, fico tentada a aceitar, realmente estou péssima para dirigir, porém me lembro da garota que saiu molhada e descabelada do banheiro e finalmente realizo, eles deveriam estar juntos.

— Acredito que o senhor deve estar bastante cansado, jogo, comemoração com a namorada. Mas de qualquer forma obrigada. – Não deixo espaço para os argumentos do homem mais gostoso e lindo que já vi e sigo meu caminho enquanto penso...

Será que o beijo dele é melhor que o do rapaz da boate?

...

Ainda sem saber como poso ganhar dinheiro, coloco uma camisolinha curta branca, solto meus cabelos molhados que caem levemente sob meus seios e costas e vou para sala assistir um filme para tentar distrair a mente.

Começo a passar por todos os canais e não encontro nada que me agrade, então permaneço procurando, até que ouço batidas na minha porta.

O porteiro não avisou nada, penso então que devem ser meus pais, por me sentir segura, levanto-me, vou abrir a porta e para minha surpresa, vergonha e pequena paralisação das minhas pernas, vejo Charles Finningan parado, olhando-me com um ar safado estampado no rosto.

— O senhor? Aqui? – Mais uma vez meus olhos admiram todo espetáculo a minha frente. Ele veste uma camisa branca, levemente aberta e calça jeans que desenha bem seus músculos.

— Por favor, apenas Charles. Eu fiquei sabendo de toda situação. – Me olha por alguns instantes. — Não vai me convidar para entrar? – Não consigo ao menos raciocinar direito.

— Estou vestida para dormir. – Por que eu disse isso, meu Deus? Ele passa todo seu olhar por meu corpo e comenta:

— Sim ou não Angelina? E sua roupa de dormir fica perfeita em você. – Com as pernas trêmulas, acabo dando passagem.

— Entre por favor e fique à vontade. – Com gestos lhe mostro o sofá. — Eu vou colocar pelo menos um roupão.

Sigo para o quarto tentando ser o mais natural possível, não sei ao certo o que está acontecendo comigo, primeiro o rapaz da boate me deixa louca a ponto de me tocar a noite em alguns dias, agora, apenas a visão desse jogador me deixa abalada.

Acho que a falta de namorado está acabando comigo.

Já no meu quarto, visto um roupão de seda branco, quando vou ao espelho, para meu desespero, percebo que estou com os seios levemente transparentes por causa da água que escorreu dos meus cabelos e ao mesmo tempo que sinto vergonha, meu corpo todo arrepia.

Eu agora entendo o seu olhar para mim e eu não posso mentir.

Gostei e muito.

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