Capítulo 4

Angelina Mendes

Acordo um pouco ansiosa e bastante cedo. Sem perda de tempo, após uma ducha arrumo-me, visto uma calça jeans, blusa branca, terninho azul e calço um par de peep toes de cor nude, para completar escovo os cabelos e faço uma leve maquiagem.

Logo depois, acordo Junior, vou ao banheiro, observo enquanto ele toma banho e depois coloco sua roupinha.

Já na cozinha, sirvo para ele o cereal de chocolate com leite integral e tomo apenas um copo de iogurte, a ansiedade me tira completamente o apetite. Terminamos de nos arrumar, ajudo meu menino a escovar os dentes e seguimos para seu segundo dia na escolinha nova.

— Mamãe está lindona. – Ele me beija o rosto enquanto o ajudo na cadeirinha no carro.

— Lindo está você, meu príncipe. – Beijo seu rostinho branquinho e fofo de volta, sigo para o banco da frente e às oito em ponto estamos na porta da escolinha.

— Comporte-se meu amor, mais tarde venho te pegar e deseja sorte para mamãe, te amo. – Abaixo-me e recebo um beijo.

— Sorte mamãe, eu também te amo. – Ele sai correndo empolgado quando vê as outras crianças. Quem diria que há um tempo ele não conseguiria correr? Fisioterapia com certeza faz seus milagres.

Fico observando mais um pouco sua empolgação, volto para o carro e dirijo-me para o MetLife Stadium que fica em Nova Jersey, uma cidade bem próxima. Em quarenta minutos chego desesperada com o tempo e na recepção sou encaminhada para preencher toda uma papelada.

— Você tem menos de três minutos, seja rápida. – A recepcionista mal-humorada informa. – Assusto-me com a informação, mas terá que ser suficiente.

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Nome Completo – Angelina Gomes Mendes

Nome da mãe – Catarina Gomes Mendes

Data de nascimento – 25 de junho de 1992

Graduação/ Instituição – Fisioterapia / Princeton

Endereço – West 138, Prédio Lexington, 10037, apartamento 404, Harlem.

Estado civil – (x) Solteira ( ) Casada

— Você só tem um minuto. – De forma ríspida a recepcionista me interrompe para me lembrar do tempo e eu fico ainda mais aflita.

Filhos – ( ) Sim ( ) Não

Nacionalidade – ( ) Americana ( ) Mexicana ( ) Inglesa ( x ) Outros? _Brasileira___

Disponibilidade para viajar? – (x) Sim ( ) Não

*** COLOCAR NO ENVELOPE DOCUMENTO DE IDENIFICAÇÃO E DIPLOMA. ***

Att,

Equipe de Seleção New York Jets

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Depois de preencher toda a papelada e entregar ao responsável, sou encaminhada para uma sala onde tem aproximadamente trinta pessoas, logo vejo Mary que já está sentada no outro extremo e em segundos, uma senhora negra, alta, muito bem apresentável entra e se apresenta.

— Bom dia, sou Glenda Red, a responsável pela equipe de fisioterapeutas do time profissional de futebol americano New York Jets. Hoje vamos selecionar apenas cinco fisioterapeutas para incorporar nossa equipe. Todos vocês já sabem que os Jets contam com mais de cinquenta jogadores e cada fisioterapeuta ficara responsável por em média três jogadores após o primeiro período da residência. O salário para novos integrantes está em oitenta e cinco mil dólares por ano, passando da residência o salário passa para cento e vinte mil dólares. Para os selecionados passaremos mais informações depois de toda avaliação. – Após a breve apresentação, as provas são entregues e tenho duas horas para responder trinta questões, as perguntas variam dentro do que esperava, práticas de socorro, alívio rápido da dor, tratamento com gelo, ultrassom e atividades físicas. Em uma hora e cinquenta minutos termino minha prova.

...

Em uma hora Glenda volta e lê a lista dos selecionados para próxima fase. Nove nomes são ditos incluindo o de Mary e lágrimas já estão por vir aos meus olhos até que.

— Gostaria de parabenizar Angelina Mendes! Garota, espero que você passe na prova de resistência, sua nota foi a melhor, a única que acertou todas as questões. – Glenda puxa uma salva de palmas que me deixa super envergonhada e logo depois somos encaminhados para um refeitório onde será servido o almoço.

...

— Desculpa interromper o almoço de vocês, mas preciso passar algumas instruções. É de devida importância o comprometimento e pontualidade. Trabalhamos com ícones do esporte e atrasos nunca serão bem vistos. Para as meninas, as roupas que vocês usarão, serão compatíveis com as roupas masculinas, pois não queremos nossos jogadores tendo nenhum tipo de distração em campo, já bastam as torcidas organizadas com suas micro-saias e antes que eu esqueça, as quatro meninas competirão entre sim, vamos selecionar apenas duas e entre os seis homens serão selecionados três.

Durante o tempo de descanso que dura exatamente uma hora, fico conversando com Mary já com a roupa e boné da competição. Sentadas no campo quando avistamos à 120 jardas, os jogadores chegando.

— UAU! Lina, são verdadeiros armários gostosos. – Gargalhamos com a constatação. — Acho que o homem que me beijou era assim, alto, bem forte, eu tenho um metro e setenta de altura, estava com salto quinze e mesmo assim era bem menor que ele. – Fico completamente saudosa.

— Nossa! Ainda bem que Israel supre minhas necessidades, senão ia surtar aqui. – E eu acabo desconfiando.

— Supre? – Ela confirma.

— Até onde sei sim, não conheço nada além dele.

— Vamos começar meninas? – Somos interrompidas por Glenda que comanda todo teste. Primeiro vai Mary, correndo vinte jardas, ida e vinda e quem chegar primeiro ganha o emprego.  Fico com o coração na mão, mas Mary consegue, respiramos aliviadas e é chegada a minha vez. Meus batimentos cardíacos aceleram, respiro fundo, elevo meu olhar para frente e quando finalmente é dada a partida, não consigo olhar para adversária, corro, apenas avanço, chego ao final, faço a volta e quando chego novamente no local da largada sou surpreendida por um abraço de urso de Mary que quase me derruba e só então percebo que consegui.

—Vamos trabalhar juntas amiga. – Ela continua me abraçando. — Ahhhhhhhh meu Deus, é um sonho! – Sem fôlego continuamos a comemorar enquanto os rapazes fazem o teste.

Juntam-se a nós, Bob, Jackson e Filipe. Em seguida, Glenda nos chama para conhecer o vestiário que fica anexo ao dos jogadores, a área que vamos guardar nossas roupas, e o lado dos homens e das mulheres.

Glenda nos passa mais algumas informações, somos encaminhados para assinar alguns documentos, crachás provisórios são entregues para liberar a entrada ao estádio e após saber que no sábado começaremos, estamos liberados.

...

— Que sorte a nossa hein? Seremos pagas para malhar e ficar apenas três vezes por semana fazendo exercícios com os homens mais gostosos de Nova Iorque. – Fico um pouco envergonhada por não estarmos sozinhas.

— Comporte-se, mulher. Os rapazes vão pensar horrores de nós duas. – Filipe gargalha.

— Não, pelo menos eu não vou pensar, compartilho dos mesmos pensamentos de vocês. – Ele pausa um pouco olhando nossa reação, divirto-me ao constatar que tenho um novo amigo lindo de tirar o fôlego, com seus olhos azuis, pele branca, cabelos escuros e gay, sorte do homem que namorar Filipe. 

— Agora vamos, estou faminto e um shake com bastante glicose vai nos ajudar, depois de um dia louco e cheio de desafios como esse.

— Mary e Lina, vocês têm como chegar à Starbucks? – Bob pergunta. — Se não, posso levar vocês. – Agradeço a gentileza.

— Temos sim, estamos de carro, obrigada! – Viro-me para o mais tímido do grupo. — E você Jackson? – Ele demonstra estar um pouco envergonhado.

— Vou aceitar a carona de algum de vocês, vim de ônibus.  

— Ótimo, pode vir comigo. – Vou para o carro com meu mais novo colega e seguimos para a lanchonete conversando.

— De quem é esse sapatinho de neném que você tem em seu carro? – Lembro-me de Junior quando ele ainda era um neném.  

— É do meu filho. – Jackson fica um pouco pensativo.

—Você tem um filho? – Parece que agucei a curiosidade do cidadão.

— Sim. – Dirijo mais uns quarteirões.

— Entendo, ele já tem quantos anos? – Aproveito a oportunidade do trânsito parado e respondo com bom humor:

— Você parece um repórter Jackson, porém vou te contar, Junior fez quatro anos tem alguns dias. – Avanço o caminho.

— Desculpe-me Angelina, realmente sou curioso. – Ele não parece envergonhado. — Você pode encostar o carro aqui? Minha namorada perdeu hoje no teste e foi embora, acho que é melhor ir atrás dela, não estou muito no clima para comemorar. – Encosto o carro quando encontro a oportunidade.

— Você faz bem, ela pode estar triste.

...

Chego à lanchonete sozinha, comento com os demais os motivos para a ausência do mais novo colega e todos entendem.

Sentamo-nos em umas banquetas altas, peço uma fatia de torta red velvet, um refresco de frutas vermelhas, compro mais um pedaço para viagem e logo chega a hora de pegar meu pequeno na escola.

Despeço-me de todos, vou para a escolinha, em alguns minutos, após chegar, vejo os olhinhos mais lindos e o sorriso mais desejado do dia direcionados para mim.

— Príncipe lindo! – Ajoelho-me e abro os braços para o ataque de fofura que já sei que vem a seguir.

— Mamãe, saudade. – O carrego e beijo seu rostinho suado.

— Também, muita saudade. – Descansa a cabeça em meu ombro. — Tenho duas surpresas para você. – Ele abre bem os olhinhos. — Primeiro, trouxe um pedaço de uma torta que você ama – B**e palminhas. — Segundo, a mamãe vai trabalhar para seu timão, o New York. – Ele me interrompe.

— Jetssss, iupi! Me leva para seu trabalho, quero conhecer os jogadores. – Quem sabe um dia. — Mas agora quero comer. – Eu nem me surpreendo tanto com o apetite desenfreado.  

— Vou tentar meu amor, vamos para casa? Ele gesticula afirmando, damos as mãos até chegar ao carro, abro a porta, ajudo-o a colocar o cinto da cadeirinha e seguimos para nossa casa.

Ao chegar no nosso lar, enquanto Junior corre até o seu quarto para provavelmente buscar algum brinquedo, peço uma pizza para comemorar o dia especial, depois escolho um filme infantil, deixo a bandeja pronta com guloseimas incluindo o pedaço de torta e para acompanhar, faço um suco de laranja, combinação que deixa a nossa noite perfeita.

...

Sábado, 18 de outubro, levanto-me ansiosa, em alguns minutos a campainha toca, denunciando a chegada dos meus pais, hoje Junior vai passar o dia e dormir com eles por causa do meu trabalho.

Arrumo Junior, tomamos café da manhã, despeço-me deles e cada um de nós segue seu próprio caminho.

Chego ao MetLife Stadium na hora certa, cumprimento o pessoal da recepção da área privativa e sigo direto para o vestiário.

Visto-me como manda o figurino, prendo meu cabelo, coloco o boné e tiro os brincos. Logo depois recebemos um treinamento e a tarde somos direcionados para o campo.

Vou para a área de concentração dos fisioterapeutas e em seguida Glenda me passa a ficha do jogador que serei responsável. Abro e vejo, jogador Brooke Antunes, camisa 25. Terei que ficar a postos, durante todo o jogo o observando. Se ele tiver alguma lesão durante a partida, terei de correr até ele e Mary fica com o jogador de número 26, portanto ficaremos juntas no mesmo posto.

— Animada para o primeiro dia? – Oxente, ela ainda pergunta?

— Muito animada Mary, um pouco ansiosa até. – Enquanto conversamos uma tropa de cinquenta e seis homens gigantes do NYJ adentram o estádio e a torcida vai ao delírio. As líderes de torcida com suas roupas bastante sensuais começam uma coreografia empolgante. Em alguns segundos já localizo o Jogador que sou responsável, ele deve ter em média um e noventa de altura, de longe parece ser um belo moreno. Instantes depois entram os jogadores adversários e a rivalidade entre as torcidas começa.

O jogo é iniciado e de perto chega a ser assustador. São vários os empurrões e sinto falta da narração para entender melhor o que se passa. Acompanho com o olhar, Brooke que corre várias e várias jardas sempre em parceria com o jogador de número 15 que é o que tem o corpo mais torneado. Ah meu Deus! Concentre-se Angelina.

Continuo a acompanhar o jogo até que vejo Brooke sendo atingido. O jogo é parado, levanto-me, já segurando a maleta dos primeiros socorros para uma possível lesão e corro juntamente com Glenda que é minha supervisora. Aproximo-me dele e início o diálogo cumprindo todo protocolo.

— Olá Sr. Brooke, sou a Srta. Mendes, sua nova fisioterapeuta, por favor, me informe onde o senhor sente dor. – Ele tira o capacete.

— Aqui morena! Tomei uma porra de um golpe no meu fêmur. – Confirmo com gestos para que ele perceba que entendi.

— Tudo bem, peço que fique quieto pois não sabemos como está a lesão, por isso vou precisar cortar sua calça, preciso ver se existe alguma hemorragia interna, se é algo muscular ou se realmente atingiu o fêmur. – Ao ver que ele apenas ganhou um belo hematoma, uso o spray que alivia a dor rapidamente e faço uma rápida massagem.

— Que mãos gostosas as suas! – Fico sem reação com o elogio, levanto meu olhar para Glenda que me dá um sorriso de leve, então viro-me, olho nos olhos de Brooke e agradeço o elogio. — Vou poder voltar ao jogo? – Termino o procedimento.

— Não, vai doer demais se você voltar. – Ele fica um pouco inconformado, porém acaba aceitando.

— Você foi perfeita Angelina, com certeza será um destaque nesta nova turma, sua decisão de tirar Brooke da partida foi a melhor, parabéns! – Fico feliz, volto ao meu lugar e fico tranquila, pelo menos hoje não precisarei correr pelo campo, então aproveito para olhar o número 15, esse realmente tem toda minha atenção.

A partida tem quatro intervalos a cada quinze minutos de jogo, porém acaba ultrapassando até três horas de partida por causa de uma sucessão de jogadas de curta duração e a cada parada o cronometro é parado. O jogo termina e ficamos esperando todos os jogadores saírem do campo, logo após, temos uma reunião onde somos pontuados pelo fisioterapeuta superior e quando estou caminhando para o vestiário Glenda me pede para ir ao seu escritório. Antes de ir, despeço-me de Mary.

...

Sigo para o escritório de Glenda e quando vejo que a porta está aberta, entro anunciando minha chegada.

Oiê. – Ela me olha séria e noto que está segurando a minha ficha.

— Sente-se Angelina, precisamos conversar para esclarecer algumas coisas. – Sinto uma tensão no ar, Glenda olha-me entristecida e eu já estou super apreensiva.

— Por favor, pode falar, seja o que for.

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