Capítulo 53

Capítulo 53

Miguel Fonseca

Já se passaram dias e aquela garota ainda não me procurou.

Estou atolado de trabalho, lidando com reuniões, cobranças e à espreita do nascimento dos filhos do Caio... mas o maldito rosto dela não sai da minha cabeça.

Posso ter qualquer mulher. Posso escolher, usar, mandar embora.

Mas nenhuma delas apaga a imagem dela.

Aquela expressão assustada, os olhos enormes, o azul turvo e doce como o céu antes da tempestade...

Que porra tá acontecendo comigo?

Ela não me provocou, não sorriu pra mim, não se ofereceu, e ainda assim, está cravada em mim como uma tatuagem.

Tem algo naquele olhar. Algo quebrado. Algo que grita socorro em silêncio.

E o pior? Isso me cativou.

— Don! DON!

— Que caralho é?! — rosnei, irritado.

— Tem uma cobrança pendente... naquele café da viela. Estão se recusando a pagar a taxa de proteção.

— No café? — perguntei, com um sorriso enviesado. Era quase música para os meus ouvidos.

— Podemos agir?

— Não. Eu vou. Deixa comigo.

— Quantos homens dev
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