Capítulo 45
*Contém possíveis gatilhos pesados*
Carta de João
Milena,
Eu admito.
Eu sei que sou um monstro. E o pior de tudo é que, mesmo reconhecendo isso, por muito tempo, simplesmente não consigo me conter.
Eu te amei com todo o meu ser ou com o que restava dele, porque não sou inteiro. Nunca fui.
E a verdade é que eu nunca te mereci, estou aproveitando dessa madrugada onde meus pensamentos estão limpos, as vozes que muito me afetam estão em silêncio, acho que meus demônios estão dormindo...
Você era luz demais. E eu, uma sombra malformada, aprendendo a se esconder atrás de máscaras que eu mesmo construí, para viver em uma sociedade tão doente quanto eu, pois me aceitavam assim, me idolatravam...
Mas o que estou prestes a te contar nesta carta…
Não tem nada a ver com o meu amor por você.
Tem a ver com dor.
Com podridão.
Com o fim de todas as mentiras, ou talvez a pior de todas elas.
E talvez, quando você terminar de ler isso, entenda ainda mais o quão podre eu sou, ou eu fui, pois