Sebastian
A única luz da rua vinha de um poste meio torto, dois metros à esquerda da casa. Amarela, fraca, tremulando como se até ela quisesse apagar e fingir que nada ali existia. Observei aquela construção por longos segundos. As janelas escuras me faziam pensar se não havia ninguém ou se minha filha estava vivendo sem sequer conseguir pagar a conta de luz.
Thomas não teve a mesma paciência que eu. Assim que atravessamos o portão de ferro — que gritou alto demais como se avisasse a vizinhança da nossa chegada indesejada — ele correu até a porta da frente e bateu. Com força. Como sempre. Como se pressa fosse resolver o que vinte e um anos de distância não tinham conseguido.
O silêncio respondeu. Um silê