Cristal congelou. Foi uma performance digna de Oscar: o rosto ficou branco, depois corado e, por fim, num tom esverdeado que lembrava alguém prestes a vomitar as próprias palavras. Ela virou devagar, encontrando Sebastian encostado na porta, braços cruzados e uma sobrancelha arqueada, claramente curtindo a cena até aquele momento.
— Nada! — Cristal soltou uma risada forçada, aguda demais para soar natural — Eu estava brincando com ela, né Ana?
Ela me fuzilou com os olhos, mas eu não perdi a chance de jogar mais lenha na fogueira.
— Sim — falei, com o tom mais sério que consegui — Estávamos brincando de De Quem É o Chefe.
Cristal rangeu os dentes, furiosa, e então soltou:
— Cala a boca, vadia!
Foi ali que a expressão de Sebastian mudou completamente. O sorrisinho discreto se apagou, dando lugar a uma carranca fria e dura como gelo. Ele descruzou os braços devagar, como se aquilo fosse um ritual antes da tempestade.
— Cristal — Sebastian se aproximou devagar, como um predador prestes a