Enrico Narrando
Assim que descemos do carro, senti a tensão no ar. O local combinado ficava na parte de fora da Ferroviária, um lugar discreto e estratégico para negociações como essa. O cheiro de ferrugem e óleo queimado impregnava o ambiente, se misturando ao barulho distante dos trens passando nos trilhos. Dante, ao meu lado, se mantinha atento, a postura rígida e a expressão fechada. Ele sabia que qualquer detalhe poderia fazer a diferença nessa conversa.
À nossa frente, já nos esperando, estavam três homens. No centro, o Cubano, um sujeito de estatura mediana, pele bronzeada e olhar astuto. Ele vestia uma jaqueta de couro preta e segurava um charuto entre os dedos, tragando com calma, como se tivesse o controle absoluto da situação.
Assim que nos aproximamos, não perdi tempo.
— O que você quer? — perguntei diretamente, cruzando os braços.
O Cubano sorriu, mostrando os dentes amarelados pelo fumo.
— Preciso do seu apoio para sair do país com Vilma — respondeu ele, lançando um olh