— Me colocaram numa casa com outras crianças, nós comíamos apenas duas vezes por dia. Quando não obedecíamos apanhávamos, os primeiros dias foram os piores. Eu tinha pesadelos com a minha mãe, e eu orava e esperava que a qualquer momento eu acordasse ou que eles me encontrassem e me tirassem dali. Depois de um mês, me fizeram cruzar uma fronteira com mais três garotas e um garoto. Fomos levados para a República do Congo, lá foi onde realmente começou o inferno. — Dei uma pausa, eu nunca havia falado para ninguém sobre minha história.
— De onde você veio? — Ele me perguntou como se entendesse os sentimentos que aquelas revelações me causavam.
— Brasil, Rio de Janeiro. — Falei.
— Então você é carioca? — Ele sorriu.
— Sou. — Eu retribuo o sorriso.
— O q