A gente nunca espera que vá aparecer alguém para nos tirar da rotina e virar os nossos dias de cabeça para baixo... Emily é uma garota de programa já acostumada a sua vida; quando num dia em que dá de cara com a morte, um desconhecido chega para salvá-la e mudar tudo! David nunca imaginou que salvaria a vida de uma mulher e a primeira vista ela seria o sol para os seus dias nublados! Principalmente que essa mulher seria uma garota de programa chamada Emily. Em apenas uma semana; a vida dos dois mudará drasticamente, será que apenas cinco dias é capaz de sarar feridas, resgatar boas memorias, curar traumas e dar a dois desconhecidos a chance de recomeçar?
Leer másHoje, a noite era como quase todas as outras e significava que eu faria um bom trabalho e iria para casa mais cedo. Sorri para o garçom e pedi mais um copinho de vodca, assim que ele me deu, virei tudo de uma vez na boca e vou em direção à pista de dança. Quanto antes começasse antes eu terminaria.
— Oi. — Ouvi uma voz conhecida em meu ouvido.
— Oi Kevin. — Falei, me virando para ele com um sorriso de canto.
— Trabalhando hoje? — Ele perguntou já sorrindo.
— Você sabe que sim. — Falei no ouvido dele, pois a música estava alta.
— Então, posso? — Ele falou, esperando uma resposta com as mãos em minha cintura.
— Tudo bem. Desde que me pague, pode todos os dias. — Falei dando de ombros.
— Tá! Vamos para a minha casa. — Ele disse, me puxando pelas mãos e me guiando para um lugar que eu conhecia bem.
Fizemos o mesmo de sempre e quando terminamos olhei a tela de meu celular em busca do horário, ainda eram uma da manhã, sorri ao me levantar.
— Para onde você vai? — Ele me perguntou.
— Para casa. — Falei dando de ombros e catando minhas roupas.
— Sabe que não precisa ir, está tarde. Fica e dorme aqui esta noite. — Ele falou ainda me encarando.
— Sabe que não durmo com meus acompanhantes, Kevin. — Falei enquanto vestia minha meia calça transparente.
— Não precisa ser fria comigo. — Ele disse desviando o olhar. — E sei que você tem outros homens, não precisa me lembrar. Mas, poderíamos mudar isso. Eu poderia te dar um futuro. — Ele falou.
— Não, não poderia. Eu já sei o que acontece depois do final feliz. Não sou mulher de coleira Kevin. Mas você é uma pessoa boa, poderia arranjar um compromisso sério. Você não precisa de uma garota de programa, eu realmente ainda não sei por que continua me procurando. — Falei suspirando.
— Porque não é só sexo, você tem coração. — Ele disse dando de ombros com um sorriso de canto. — Você não é só uma garota de programa. É uma mulher incrível e ainda não se deu conta disso.
— Tudo bem, vamos parar com esse papo meloso. Já vou indo. — Falei pegando minhas coisas.
— Posso te levar se quiser. — Ele disse. — Não precisa ir andando a esse horário. — Ele disse se sentando e tirando os duzentos dólares da carteira.
— Não precisa meu bem, eu tenho uma faca e gosto de ir andando. — Falei. Em geral eu evitava que os acompanhantes fossem até a minha casa, mesmo sendo o Kevin. — Tudo bem então. Sei que você é cabeça dura e insistir é perca de tempo. — Ele falou me dando o dinheiro e abrindo a porta.
Me despedi dele com um aceno de cabeça e me pus a andar, coloquei as mãos no bolso de meu sobretudo e segui em frente para a minha casa de cabeça erguida. Não é fácil para mim sendo mulher, andar pelas ruas sem medo do que pode acontecer às uma da manhã, não só pelos assaltos, mas pelo fato de ser mulher. Sei o que os homens pensam sobre mim, sei que sempre irão nos enxergar apenas como mero objeto sexual e isso me assusta muito. Ando a passos rápidos, sempre olhando para todos os lados, atenta a qualquer movimento suspeito. Passo pela orla da praia e por um momento, procuro esquecer-me tudo. “Você é uma mulher incrível.” As palavras de Kevin me vêm à cabeça, e meus olhos brilham de lágrimas, já escutei isso outras vezes de homens que prometeram mudar a minha vida, mas sei que não é possível. São promessas vazias, o Kevin não é uma pessoa ruim, mas ele é como todos os homens, pois se não fosse não me procurava. Por um minuto apenas eu me permito pensar no que eu seria se não fosse garota de programa e não tenho uma resposta, nunca me conheci como nada além disso! A vida foi dura comigo. Limpo as lágrimas e sigo caminhando, até que um pequeno grupo de moleques diminui a velocidade do carro bem a minha frente.
— Iai Gatinha. — Um deles ao volante fala comigo e o reconheço pela voz.
— Oi Jack. — Falo sem entusiasmo.
— O que faz aqui uma hora dessas? Sozinha e desacompanhada dessa forma? — Ele falou, ainda seguindo com o carro em baixa velocidade ao meu lado.
— Não é da sua conta, certo? — Falei revirando os olhos e seguindo meu caminho.
— Por que você não vem conosco? — Ele abriu um sorriso que dava para ver o tom de perversidade no canto de seus lábios.
— Porque eu não quero. — Falei, estava começando a ficar com medo e sabia o porquê.
— Para com isso, vadias como você não tem escolha. Eu pago o programa. — Ele falou enquanto os amigos riam com aquela demonstração de babaquice.
— Não, obrigada. — Falei começando a ficar de saco cheio daquilo.
— Sério? — Ele disse. — Deveria pensar melhor em suas escolhas.
— Olha, boa noite. — Falei apertando os passos e rezando para que ele não resolvesse continuar me seguindo. Contei cinco garotos dentro do carro, seria eu com uma faca contra cinco babacas.
— Espera aí sua vadiazinha, acha que pode me dar às costas assim? — Todos desceram do carro.
Não respondi mais, só apertei os passos e continuei andando sem olhar para trás, não havia ninguém a minha frente e como sempre, eu temi pela minha vida.
— Por que você insiste em não aceitar um programa comigo? Não é esse o seu trabalho? Só por causa daquela vez? Ah Ema querida, eu e meus amigos vamos pegar leve dessa vez. — Ele falou um pouco alto.
Ignorei novamente quando senti um forte aperto em meu braço me fazendo parar.
— Me solta, eu tenho uma faca e não acho necessário machucar você. — Falei rispidamente ao encarar Jack e seus amigos que agora quase me rodeavam.
— Você acha que consegue machucar cinco com uma simples faca? Você é louca, mas até que sua gostosura compensa. — Ele falou abrindo um sorriso.
— Você é um babaca. — Falei pegando a faca quando ele tentou tirá-la da minha mão, eu tive que ponderar entre enfrentar o pior calada, ou enfrentar o pior fazendo pelo menos alguns estragos. Antes que isso me acontecesse, fui em cheio no braço dele abrindo um corte, mas isso não o segurou. Os amigos dele me seguraram.
Eu já sabia o que aconteceria a partir dali, já sabia no que daria e sabia também que havia sido teimosia minha resolver ir para casa sozinha aquele horário da madrugada. Mas é que às vezes cansa o fato de termos que depender das mesmas criaturas que nos amedrontam. Senti os dois socos que ele desferiu em meu rosto enquanto seus amigos me seguravam, lutei para me soltar, mas não adiantou de nada. Ele se divertia enquanto batia em mim e seus amigos o olhava admirados, como se aquela demonstração fosse um ato de nobreza. Senti um puxão de cabelo por trás.
— Já podemos brincar com ela? — Um dos garotos falou enquanto segurava meus cabelos.
— Ah, você vai ter o que merece querida. — Ele falou enquanto abria meu sobretudo ali mesmo no meio da rua.
Eu estava com uma roupa por baixo, um cropped, uma saia e uma meia calça. Fechei os olhos e me forcei a não pensar em nada. Estava fraca demais para isso e podia sentir o gosto do meu próprio sangue. Ele estava me guiando até o seu carro...
— O que vocês estão fazendo? — Escutei uma voz ao longe. Tentei me virar para olhar e vi a sombra de um carro parado a minha frente e um homem que eu mal conseguia enxergar.
— Não é da sua conta cara, segue seu caminho. — Um dos garotos falou.
— Soltem a garota agora. — Ouvi novamente a voz do rapaz falando.
— Ela é só uma prostituta e estamos nos divertindo, não é Ema? — Jake falou rispidamente com um sorriso debochado no rosto.
— Eu tenho certeza que isso aí, não foi consensual. Agora eu vou ser mais claro, eu já chamei a polícia, fiz questão de antecipar então se vocês não a largarem, em questão de minutos a viatura irá aparecer e vocês vão para a cadeia que é o lugar onde babacas como vocês merecem estar. — O homem falou com um tom de voz firme.
— Ele está blefando. — Ouvi um dos meninos sussurrarem.
— Vamos pagar para ver então né? — O cara falou estacionando o carro.
— Vamos galera, você tem sorte Ema, mas isso ainda não acabou. Fica aí com seu homem da vez. — Jake cuspiu as palavras enquanto se afastava e entrava em seu carro.
Eu caí no chão após eles me soltarem sentindo uma dor que parecia dilacerar meu corpo, tossi e sentindo meu peito queimar, minha boca ardia por causa dos socos e em meus braços tinha a marca das mãos dele. Meus olhos encheram de lágrimas e eu respirei fundo. Senti mãos firmes me carregarem e me colocarem no assento do carro. Eu poderia lutar e estava morrendo de medo, existem homens maus a cada esquina. Mas eu nem tinha forças, então se eu fosse ser estuprada que fosse por um só, no fundo, eu já estava acostumada.
— Vou te levar para o hospital, tudo bem? — Ele disse enquanto colocava o cinto em mim.
— Não, por favor. — Eu falei me esforçando e tossindo. De humilhações, já bastava.
— Por que não? — Ele falou me encarando com uma expressão preocupada no rosto enquanto dava partida no carro.
— Sou... Uma garota de programa. — Respirei fundo. — Vão me machucar ainda mais. — Falei fechando os olhos e reprimindo a dor daquelas palavras.
— Você está muito machucada. — Ele falou preocupado.
— Por favor... — Eu estava tentando falar, mas não consegui. Eu apaguei.
Quando nos despedimos de todos fomos para o quarto; estávamos completamente exaustos por tudo e era muito para digerir! — Que tal tomarmos um banho quente? — David falou ao meu ouvido, fechando a porta do quarto atrás de si. — Eu acho ótimo. — Falei sorrindo. Ele abriu o zíper do meu vestido enquanto eu ficava de costas para ele e por incrível que pareça naquele momento ele parecia nunca ter tocado o meu corpo. Seu toque era cuidadoso, gentil, suave e ao mesmo tempo era como se ele estivesse contendo um desejo selvagem. Eu sorri com aquilo. Então ele me virou e me beijou, foi um beijo terno, amoroso, um beijo de amor, e começou ali! Começamos a fazer amor ali e prosseguimos até o banheiro, onde fizemos amor umas quinhentas vezes enquanto tomávamos banho e então continuamos a fazer amor na cama e pelo restante da noite. Eu nunca havia vivido nada igual ao que eu estava vivendo aquele dia em toda a minha vida, e sem dúvidas aquela noite seria completamente ines
— Então vamos aos votos. — O Pastor falou sorrindo.— Eu acho que podemos pular essa parte. — Falei com medo de que Emily estivesse ansiosa para ficar com seus pais.— Não. Você, você fez algo? — Ela me encarou e sorriu como se estivesse voltando para a nossa realidade novamente. — Eu quero ouvir. — Ela olhou no fundo dos meus olhos.— Tudo bem. — Eu sorri e respirei fundo retirando o papelzinho do bolso. Eu queria ler; pois havia preparado e estudado aquele papel durante toda a semana com medo de que eu pudesse errar ou gaguejar. — Bom, eu... — Eu respirei fundo novamente e guardei o papel. Eu a encarei por um momento enquanto ela olhava fixo em meus olhos, e ao ver seu sorriso eu soube exatamente o que dizer.— Eu me preparei completamente para o que eu i
Eu estava amando toda aquela demonstração de afeto comigo, ela estava demonstrando uma importância digna de uma mãe, e eu não pude deixar de sentir falta da minha no dia mais importante da minha vida. Tomei banho de chuveiro mesmo e deixei que a água caísse sobre minha cabeça, e sim, eu chorei. Chorei porque queria que meus pais estivessem ao meu lado e que meu pai entrasse comigo dentro da igreja, que eles estivessem na primeira fileira e notasse o quanto eu estava feliz, o quanto eu havia passado a acreditar no amor depois de um desconhecido entrar em minha vida tão de repente. Meu pai teria ficado completamente orgulhoso da mulher que me tornei, senti vontade de voltar na igreja da minha mãe e falar para o pastor que era real, que Deus ou algum ser maior havia se encarregado de me trazer de volta a minha vida e felicidade. Que sim, que um ser maior havia preparado um novo recomeço para mim e me mostrado q
Os dias foram passando rápido demais e tudo em que eu estava empenhada era sobre focar no casamento e na minha carreira na música. Estava tudo dando muito certo, mas apenas uma coisa seria deixada de fora, não poderíamos casar no civil porque eu não tinha documentos verdadeiros. O que seria um problema! Mas; o David me convenceu a fazer uma festa familiar com um casamento diante da “igreja” enquanto resolvíamos os meus documentos, não sei como, para depois nos casarmos no civil. Eu amei, estava um pouco frustrada porque o casamento dos meus sonhos não havia sido planejado assim, mas como arrancaram tantas coisas de mim eu fiquei feliz por estar me casando.Decidimos que o “casamento” seria no Jardim dele e que decoraríamos com Catleias e girassóis. Estava tudo muito lindo, e eu estava completamente ansiosa. O David voltou primeiro para iniciar os preparativos enquanto eu fiquei para
— Ai meu Deus. — Eu falei agora perdendo o fôlego. — David... — Aquilo me fez cair no choro e eu ao menos conseguia falar enquanto sorria e chorava.— Minha menina, casa comigo vai? Não precisa de muita coisa para casar em Las Vegas. Só de um sim. — Ele disse me olhando nos olhos.— Claro que eu caso! — Falei quando finalmente consegui respirar em meio à emoção. Ele me abraçou me deitando na cama, e beijando todo o meu pescoço.— Eu estou fervendo de amor por você Emy. — Ele disse me encarando.— Eu também. — Sussurrei.— Que bom. — Ele falou agora tirando um cabelo do meu rosto. — Porque só vou fazer amor com você depois do casamento. — Ele sorriu.— Como? Você está brincando né? — Eu perguntei agora confusa.<
— Vem aqui. — Ele falou pegando uma das minhas mãos e o puxando mais para ele. — Eu já disse e repito, não foi culpa sua. Nada disso foi culpa sua. Eu estou bem agora e aqui por você.— Por mim? — Falei. Escutar aquela frase foi como melodia aos meus ouvidos.— Sim, saber que você havia ido embora foi um alivio, mas ao mesmo tempo uma tortura. Sabe como foi para mim, chegar em casa e não ter você lá? Bagunçando tudo? Me chamando? — Ele sorriu acariciando meu rosto. — Em uma semana aquela casa já tinha o seu cheiro, o seu nome, o seu gosto. — Ele engoliu em seco. — Eu ao menos conseguia dormir em minha própria cama! Foi doloroso acordar no meio da noite e não ver você roncando e babando.— David... — Sussurrei fechando meus olhos. — Eu iria embora da mesma forma. —Tentei argumentar.&mdas
Último capítulo