Isso é mais que interessante, diria que é extremamente bizarro. Jesus e Emma estão sentados em um extremo, e no outro estamos Lorenzo e eu. O silêncio é revelador, assim como é nossa postura. Posso dizer em favor do lado feminino que Emma e eu estamos mais desconfortáveis que qualquer outra coisa, enquanto o lado masculino tem tudo a perder nesta ocasião, esses dois estão se olhando de muito, muito mau humor.Como ninguém quer falar, temo que serei eu quem terá que quebrar o gelo, para descobrir para que esses dois pombinhos vieram juntos. Porque dei esses dias livres a Jesus, não é como se eu o tivesse chamado para trabalhar hoje.— E então? Qual é o tema principal da reunião de hoje? — digo tentando sorrir.— Bem... principalmente é... como você, Lorenzo, cancelará de maneira oficial nosso compromisso e casamento — menciona Emma com algum temor.Adoro que ambos os casais tenhamos chegado a um consenso tácito sem ter que discuti-lo. Ao mesmo tempo que incentivei Jesus a se perder com
—Sei disso melhor que ninguém, mas já tenho o bastante com sair das sombras da minha própria mãe e te proteger, e ao nosso filho, nesse processo — ele explica, tocando minha cintura — Você mesma não me pediu para mandar tudo à merda e fazer o que eu quisesse agora que provavelmente sou o principal herdeiro do meu pai? É isso que eu quero fazer.—Sim… eu pedi. Mas que mandasse a sua mãe manipuladora à merda, ou os seus irmãos desconfiados. Não que você colocasse Jesus ou… Emma em risco de morte.—Eu não vou colocar ninguém em risco. Esse casamento é um acordo entre o Mauro e meus pais, não comigo. De jeito nenhum aquele cara vai me obrigar a casar com a filha dele, não comigo, como cabeça da minha família.—Eu sei…—Você parece não saber, por que você se importa tanto com o destino desse tal de Jesus? — ele menciona, com ciúmes na voz.Me surpreendo com isso.—O que foi isso? — pergunto, intrigada.—O que o quê? — Lorenzo vira o rosto, de mau humor.Rio e envolvo meus braços em seu pesc
Narrado por Lorenzo LewisMinha vida na última semana foi uma montanha-russa da qual eu quero descer o mais rápido possível. Ainda assim, esse desejo meu é pouco provável de se realizar no momento. Desde a declaração de guerra dos meus irmãos, à morte do meu pai, até a minha reconciliação com Sara e a notícia mais maravilhosa que já recebi. Subi ao céu ao ouvi-la dizer que me amava e saber que teríamos um filho juntos.Tristemente, o resto da minha família se encarregou de me puxar pelos pés e me devolver ao inferno. Só o inferno pode ser o lugar onde estou. A mesa da minha sala está repleta de documentação dos últimos dois anos das empresas do meu falecido pai. Já se passaram umas 12 ou 13 horas em que estou mergulhado na informação contida nelas.Não é nada animador ou tranquilizador, como a pitada de otimismo que me restava insistia em acreditar. Temo que seja o contrário. Consegui finalmente acessar os recantos das finanças dele porque Lorenzo, antes de falecer, me cedeu o seu lug
—Uma pedra no caminho? Isso é para você — responde altiva.—A única pedra no meu caminho é você, Victoria. Sempre foi e continua sendo, mesmo depois da morte do meu pai. Você é a origem de todos os meus problemas, e o mais doloroso é que você finge não saber…Consigo uma reação estranha em Victoria, ela dá um passo para trás e começa a piscar com muita velocidade. Esforça-se para não mover as feições do rosto além dos olhos. Vira as costas rapidamente enquanto sai.—Não se atrase — pede antes de ir embora.Suspiro, é tudo o que posso fazer.…Não sei o que é pior: ter que descobrir o que meu pai e Mauro tramaram, já que não há registros acessíveis a mim; ou fingir que quero estar nesse jantar. É na casa de Mauro, e a frieza no ambiente entre todos os presentes é palpável.Tenho Emma ao meu lado, nossas mães à nossa frente e Mauro à cabeceira da mesa. A conversa se desenvolveu como costumava acontecer nessas reuniões, com nossas mães falando com mais entusiasmo sobre o suposto casament
—Queria principalmente confirmar a honestidade da minha filha. Nestes tempos, o valor da honestidade para um pai se perdeu…—Talvez o que se perdeu seja a confiança dos pais nos filhos — respondo, sentando-me perto dele. Ele sorri.—Você conhecerá a importância de manter sua família em ordem. Sua esposa e filhos. Parte disso consiste em remover as más influências que possam prejudicar a dinâmica familiar — explica.—Se fosse mais direto, poderíamos economizar muito tempo…—Notei que uma amiga sua contratou um dos meus ex-funcionários — informa ele.—Tenho muitas amizades, e você muitos ex-funcionários — sorrio calmamente, fingindo que não sei a que ele se refere.—Jesus, esse é o nome dele. Um garoto insignificante que traiu minha confiança e não merece nenhuma demonstração dela. É um perdedor de pouca monta que, infelizmente, conseguiu… enganar minha pobre filha na adolescência.—Independentemente do que aconteceu entre eles, por que isso deveria importar agora?—Porque gente da class
Meus pés batem no chão com constância e meu coração bate com uma força sobrenatural. Eu finalmente consegui, uma promoção no meu trabalho, e o primeiro que tinha que saber disso era Andrew, meu noivo. Caminho pelo corredor tão emocionada e agarrada à minha pasta que agradeço por ninguém estar neste corredor. Vão pensar que estou louca ou que não sei me controlar pelo sorriso enorme que tenho no rosto. Mas quem poderia me culpar.Minha vida estava se transformando no que sempre deveria ter sido. Uma vida feliz e abençoada. Eu me casaria em alguns meses com o amor da minha vida, e finalmente deixaria de servir café na empresa. As lágrimas, humilhações e solidão acabariam. Eu, Marianne Belmonte, deixaria de ser o saco de pancadas da minha família, seria a esposa de um promissor empresário. Finalmente, todos me respeitariam e aceitariam.—Querido? Tenho boas notícias... — digo abrindo a porta do apartamento do meu futuro marido.As luzes da sala estão apagadas e há uma melodia suave de Jaz
Na manhã de ontem, acordei com o homem que amava conversando sobre como estávamos animados com o casamento dos nossos sonhos. Na manhã de hoje, acordei em um quarto de hotel barato com os olhos inchados de tanto chorar. Não haveria casamento, não haveria um final feliz para mim, não teria a família com a qual sonhei. Fiquei praticamente sem nada. Sem um teto, e quem sabe se Andrew teria a decência de me devolver minhas roupas. A única coisa que me restava era meu trabalho. Um ao qual voltei a me trancar em meu cubículo para mergulhar no meu mundo, os números. Trabalho para a Belmonte Raízes, uma imobiliária de bom tamanho dedicada ao que todas as imobiliárias fazem: comprar e vender imóveis. E eu, que tinha quase três anos de formada em administração de empresas, trabalhava nela desde então. O fato de compartilhar o mesmo sobrenome no nome da empresa não é coincidência. Seu dono é meu pai, Belmonte Raízes é uma empresa familiar. Uma na qual conquistei meu posto por mais que meus col
Tenho uma lista interminável de humilhações provocadas pela minha família em minha memória. A vez em que vim a esta casa me ajoelhar diante do meu pai para que me desse dinheiro para o tratamento da minha mãe. A vez em que Amanda e sua mãe me deram uma caixa com roupas usadas e rasgadas, porque eu "precisava me vestir melhor".Mas me pedir para ajudar a organizar o casamento do meu ex-parceiro com sua amante grávida, que é minha meia-irmã, essa devia ser uma das mais sádicas da lista.—Não ajudarei Amanda a organizar seu casamento com Andrew. Por que eu faria tal coisa? — digo lentamente como se estivesse dando tempo ao meu pai para confessar que isso é uma piada de mau gosto.Sergio me olha com desaprovação, Amanda o faz com um sorriso que tenta esconder enquanto come sua salada de frutas.—É decepcionante que você não decida ser uma pessoa melhor neste assunto. Se não for, me verei obrigado a reconsiderar seu contrato em nossa empresa. Ouvi dizer que você conseguiu assinar para ser u