— Você não precisa se desculpar por nada, Sara. Também não é como se eu tivesse sofrido ao seu lado todo esse tempo, e mesmo assim não confessei por medo que você se afastasse de mim... o problema foi meu. Não seu, nunca foi... Mas paguei com você me afastando, inventando todas essas desculpas para não te ter por perto.Meu coração mal me deixa continuar ouvindo outra coisa que não seja ele. Com uma verdade em meus lábios.— Se você sabe... por que continua inventando-as? — digo, ele se surpreende muito — Estou aqui, Loren. Posso estar aqui a vida toda se você parar com isso.— Sara... eu... — ele menciona em um grande conflito.Coloco minha mão perto de sua boca e fecho meus olhos, me acomodando melhor para dormir.— Só pense nisso. Só pense nisso.Com isso, caio rendida ao sono mais rápido do que esperava. Lorenzo era quem devia tomar uma decisão, eu já havia tomado a minha......Volto a acordar no meu sofá, mas desta vez estou sozinha e com a luz do sol iluminando meu apartamento.
Odeio vomitar, é uma das coisas mais desagradáveis do mundo, mas aqui estou eu vomitando líquido transparente com sabor amargo. Loren está comigo há um tempo ao lado do vaso sanitário, segurando meu cabelo e dando tapinhas nas costas. Me sinto horrível.Embora com os últimos movimentos meu nível de mal-estar melhore um décimo. Apenas um décimo.— Quero morrer. Me sinto muito mal... — reclamo levantando a cabeça.— Por que você está vomitando? Levantou na madrugada para comer alguma coisa? — questiona Lorenzo.Ele pega papel higiênico, enrola e começa a limpar minha boca. Deve ser a situação mais romântica em que estivemos.— Nãoo, mas foi aquele bacon. Cheirava e parecia ruim. Estava estragado... — explico com o estômago revirado.— Estragado? Mas eu o provei, não estava estragado...Eu não deveria imaginar comendo-o, mas é o que imagino, aquela coisa gordurosa e terrível. Volto a querer vomitar, são apenas ânsia desta vez.— Algum membro da sua família ou amigo está doente? Poderiam t
Loren está olhando para o teste com uma expressão que não consigo decifrar. É como de incredulidade. Sinto como se estivesse caindo de uma montanha-russa quando ele vira o teste. Na telinha pode-se ler..."Grávida 3+"Minhas mãos vão novamente à minha cabeça e meus olhos se enchem de lágrimas. Me agacho no chão para chorar.— Meu bebezinho já vai para o jardim de infância... e eu nem sabia — gemo em um ataque de histeria impressionante.Ouço as risadas de Loren, ele tenta contê-las, mas continuam. Está rindo e chorando ao mesmo tempo, e quem sabe, também me dá muita risada. Começo a rir. Ele se agacha ao meu nível, seca meu rosto com sua mão com muita doçura.— Você é maluca... já te disse isso? — ele menciona.— Também estou psicologicamente grávida. Tudo é um sonho, depois... depois acordaremos numa cama sem pernas talvez ou numa simulação — dou uma teoria insana.— Essas possibilidades são melhores do que estar grávida de... um filho meu? — ele pergunta fazendo uma brincadeira que n
— Me fale sobre suas suspeitas, data da sua última menstruação...Natalia me faz um interrogatório, e com cada resposta que dou, vai morrendo minha esperança de que seja um falso positivo ou uma gravidez psicológica. Ao dizer-lhe o último, ela me diz que é melhor que eu vá para a maca, que fará um ultrassom.Sentada nessa coisa de terror, olho para a tela esperando ver um útero vazio. Natalia não fala e fico mais nervosa. Então, Loren vem segurar minha mão. Fecho os olhos com isso acontecendo, porque os fatos me dizem o que virá.— Você terá que abrir seus olhos para vê-lo, Sara, há um pequeno aí dentro... — comenta a médica.Novamente começo a chorar, era o que ela dizia, havia algo batendo ali dentro de mim. Natalia nos observa muito, entre Lorenzo que está preocupado comigo, e eu que não paro de chorar. Ela limpa o gel do meu abdômen e me passa outra toalha para que eu termine de fazê-lo.— Deixarei vocês a sós por um momento, estão me chamando... — mente Natalia para voltar à sua e
Aceitar que estou grávida e que isso implica uma vida se formando dentro de mim não tem sido fácil. É um estado parecido com atordoamento, com questionamentos que nunca tinha feito antes sobre a vida humana. Era algo semelhante a você ter um aspecto grandioso de tal processo e, simultaneamente, ter dois aspectos aterrorizantes.É exatamente nessa dinâmica que estou atualmente. Loren e eu estamos no meu sofá, ele está distraído assistindo ao filme que eu supostamente também deveria estar vendo com ele. Mas isso é impossível com o milhão de pensamentos que tenho na minha mente. Enquanto ele está sentado, minhas pernas estão repousando sobre as dele, e minha cabeça no braço do móvel.A naturalidade com que Loren está acariciando um dos meus joelhos e deixa sua mão no meu ventre é agradável, eu sei que sim. Foi essa posição confortante que me fez pensar no aspecto grandioso e nos dois aspectos aterrorizantes.O grandioso era que, durante esta gravidez, Loren me trataria como tem me tratado
Meus pés batem no chão com constância e meu coração bate com uma força sobrenatural. Eu finalmente consegui, uma promoção no meu trabalho, e o primeiro que tinha que saber disso era Andrew, meu noivo. Caminho pelo corredor tão emocionada e agarrada à minha pasta que agradeço por ninguém estar neste corredor. Vão pensar que estou louca ou que não sei me controlar pelo sorriso enorme que tenho no rosto. Mas quem poderia me culpar.Minha vida estava se transformando no que sempre deveria ter sido. Uma vida feliz e abençoada. Eu me casaria em alguns meses com o amor da minha vida, e finalmente deixaria de servir café na empresa. As lágrimas, humilhações e solidão acabariam. Eu, Marianne Belmonte, deixaria de ser o saco de pancadas da minha família, seria a esposa de um promissor empresário. Finalmente, todos me respeitariam e aceitariam.—Querido? Tenho boas notícias... — digo abrindo a porta do apartamento do meu futuro marido.As luzes da sala estão apagadas e há uma melodia suave de Jaz
Na manhã de ontem, acordei com o homem que amava conversando sobre como estávamos animados com o casamento dos nossos sonhos. Na manhã de hoje, acordei em um quarto de hotel barato com os olhos inchados de tanto chorar. Não haveria casamento, não haveria um final feliz para mim, não teria a família com a qual sonhei. Fiquei praticamente sem nada. Sem um teto, e quem sabe se Andrew teria a decência de me devolver minhas roupas. A única coisa que me restava era meu trabalho. Um ao qual voltei a me trancar em meu cubículo para mergulhar no meu mundo, os números. Trabalho para a Belmonte Raízes, uma imobiliária de bom tamanho dedicada ao que todas as imobiliárias fazem: comprar e vender imóveis. E eu, que tinha quase três anos de formada em administração de empresas, trabalhava nela desde então. O fato de compartilhar o mesmo sobrenome no nome da empresa não é coincidência. Seu dono é meu pai, Belmonte Raízes é uma empresa familiar. Uma na qual conquistei meu posto por mais que meus col
Tenho uma lista interminável de humilhações provocadas pela minha família em minha memória. A vez em que vim a esta casa me ajoelhar diante do meu pai para que me desse dinheiro para o tratamento da minha mãe. A vez em que Amanda e sua mãe me deram uma caixa com roupas usadas e rasgadas, porque eu "precisava me vestir melhor".Mas me pedir para ajudar a organizar o casamento do meu ex-parceiro com sua amante grávida, que é minha meia-irmã, essa devia ser uma das mais sádicas da lista.—Não ajudarei Amanda a organizar seu casamento com Andrew. Por que eu faria tal coisa? — digo lentamente como se estivesse dando tempo ao meu pai para confessar que isso é uma piada de mau gosto.Sergio me olha com desaprovação, Amanda o faz com um sorriso que tenta esconder enquanto come sua salada de frutas.—É decepcionante que você não decida ser uma pessoa melhor neste assunto. Se não for, me verei obrigado a reconsiderar seu contrato em nossa empresa. Ouvi dizer que você conseguiu assinar para ser u