As semanas se passavam tão lentas quanto Cecília desejava. Seu trabalho estava cansativo e remoto como sempre, apesar de Léon ter mudado bastante a maneira como tratava Cecília. Para Cecília, vê-lo sendo menos mal humorado e mais "humano" para com ela, era uma evolução e tanto. Cecília estava sentada em sua mesa de sempre, concentrada na tela do monitor e na tarefa de fazer uma nova planilha, tarefa essa que Léon havia designado a ela.
Estava tudo silencioso, quando derrepente a atenção de Cecília foi levada apenas ao som de passos vindo em sua direção. Uma mulher loira com olhos escuros e pele branca, que estava usando um vestido preto de linhas retas e decote em V, seus saltos eram pretos com a sola vermelha, e apenas aquele detalhe fez Cecília perceber que aquela mulher com certeza era de alta elite, assim como Léon. A mulher se aproximou, sua expressão esbanjava um certo ar egocêntrico que Cecília não sabia explicar. - Boa tarde, senhora. O que deseja? - Cecília disse, em um tom formal e neutro. - Falar com o Léon. Ele está na sala dele? - Sinto muito, Senhora, mas creio que não será possível. Acredito que a senhorita não tenha uma hora marcada para falar com o senhor Rutherford - A mulher à sua frente franziu suas sobrancelhas, e soltou um leve riso, com um Tom irônico e expressão sarcástica. - Oh, eu não preciso de horário marcado pra falar com o Léon. Me chamo Luna Davenport. Sou noiva dele. Agora, se me der licença - Luna se dirigiu sem esperar por uma resposta, até a sala de Léon, abrindo a porta e adentrando, Cecília se desesperou levemente, Léon odiava ser incomodado daquela maneira, e Cecília se perguntava que história de "Noiva" seria aquela. Cecília se levantou indo atrás da mulher. - Senhora você não pode entrar na sala do senhor Rutherford dessa maneira! - Cecília disse ao entrar na sala de Léon logo atrás de Luna, que apenas soltou um suspiro desdenhoso e revirou seus olhos, em seus pensamentos haviam apenas criticas á "empregada". Léon, por outro lado, lançou um olhar fulminante para Luna assim que a viu invadir sua sala. - Cecília, pode deixar. Não se preocupe. Volte à sua mesa - Léon disse em um tom ríspido. Cecília apenas assentiu. - Sinto muito pela inconveniência, senhor Rutherford - Cecília disse e se retirou da sala em seguida, fechando a porta. Cecília revirou os olhos e voltou ao seu trabalho em sua mesa. Dentro da sala de Léon, o ar era pesado, à mulher com um ar tão egocêntrico à frente de Léon era Luna Davenport, ela tinha uma herança familiar de gerações, vinha de um legado de magnatas assim como Léon, ela era a mulher que deveria se casar com Léon com a única intenção de juntar duas famílias magnatas com extremo poder na sociedade atual, e transformar ambos em um só. Luna se sentou na cadeira à frente de Léon, o olhando atentamente. - Sua empregada é bem incompetente, não acha? Assim que nos casarmos eu vou com certeza substituir ela - O tom de Luna era sereno, mas autoritário, e Léon odiava. Léon odiava a maneira como aquela mulher era tão egocêntrica, e tão fora da realidade, o mundo dela se resumia a ser rica e jovem, e nada além disso. - Primeiramente, Cecília é minha secretaria e assistente, e tem uma competência que você não conseguiria ter nem mesmo se nascesse outra vez, Luna. E segundo, eu preferiria morrer do que permitir que alguém como você ditasse algo em minha vida. E terceiro, mas não menos importante, eu e você não iremos nos casar, Luna. Eu preferiria passar minha vida na sargeta do que lidar pelo resto da minha vida com uma mulher insuportável como você - Luna revirou os olhos, suspirou, e então sorriu de maneira irônica. - Léon você não pode fugir do seu papel. Se você não se casar comigo, com quem irá se casar?! Você já está com trinta anos, Léon. Sou a única mulher do nosso meio social que é compatível com você, e queira você admitir isso ou não, seus pais nunca iriam permitir que você não se casasse comigo, assim como os meus. E eu também. Você não tem opções, Léon. Nossas famílias querem um casamento e é isso que eles terão. Não dificulte as coisas, apenas aceite a realidade - A cada palavra, Léon sentia o sangue ferver nas veias, a ponto de temer uma explosão. - Eu estou, pouco me fodendo, para o que a sua família e a minha desejam, Luna. Saia da minha sala agora - A resposta foi cuspida entre os dentes, carregada de raiva contida. Luna deu de ombros e se levantou, indo em direção à porta. - Você não tem como fugir das suas obrigações, Léon. É quase destino, lembre-se disso - Disse Luna antes de sair. Luna passou pela mesa de Cecília sem dizer nada, apenas caminhou até o elevador e foi embora. Cecília percebeu que Luna havia passado por ela e ido embora sem dizer nada, e ficou na dúvida se deveria ou não ir perguntar ao Léon quem era aquela mulher. Por um mísero segundo Cecília até questionou a sanidade mental daquela mulher, pois não era possível que ela tivesse a cabeça em seu lugar ao chegar em um tom tão egocêntrico e se dizer noiva de Léon, apesar de Cecília não saber muito sobre a vida pessoal dele, Cecília sabia que a última coisa que ele teria em sua vida era uma noiva àquela altura do campeonato. Perdida em seus pensamentos, Cecília não percebeu quando Léon saiu de sua sala e parou na porta, olhando Cecília. - Cecília. Pode vir até minha sala, por favor?