Gabriela narrando :
Depois de terminar de me arrumar, respirei fundo, ajeitei a blusa na frente do espelho e desci as escadas devagar, tentando me manter firme por fora, mesmo com a cabeça uma bagunça por dentro. Na cozinha, o cheiro de café fresco se misturava com o de pão quente e manteiga derretida. Minha mãe estava na mesa, já servindo o café. Meu pai lia algumas mensagens no celular, e o Gustavo… Bom, o Gustavo falava pelos cotovelos, como sempre.
— Gabi! — ele gritou assim que me viu. — Eu vou levar minha bola nova hoje, posso?
— Só se tu prometer que não vai esquecer na escola — respondi, sorrindo e puxando uma cadeira.
— Nunca esqueço nada! — ele disse, cheio de si.
Minha mãe me serviu uma xícara de café e colocou dois pães na cestinha na minha frente.
— Dormiu bem, filha? — ela perguntou, com aquele tom cuidadoso de quem já sabe que a resposta é “não”.
— Mais ou menos — respondi, dando de ombros e levando a xícara à boca.
Meu pai fechou o celular e falou sem tirar os olhos do