Camila narrando
A tarde seguiu arrastada, como se o tempo tivesse colocado os pés no freio. Eu tentei me concentrar, voltei pro computador, revisei relatórios, respondi e-mails… mas a cabeça não ajudava.
Guilherme também ficou mais calado que o normal, mexendo em papéis, atendendo ligações, mas dava pra ver que ele tava longe dali.
A sala parecia carregada. A gente tava junto, mas envoltos em um silêncio denso, tenso. Como se cada um estivesse engolindo o que sentia só pra não piorar as coisas.
Quando o relógio marcou o fim do expediente, comecei a guardar minhas coisas. Guilherme também se levantou, ajeitou o paletó, pegou a chave do carro e esperou por mim na porta da sala.
Descemos lado a lado, em silêncio. E quando chegamos até o carro, ele abriu a porta pra mim, como sempre fazia, e eu entrei.
No momento em que ele entrou do outro lado e ligou o motor, o silêncio foi quebrado.
— Tá tudo bem com você? — ele perguntou, olhando rápido pra mim antes de dar partida.
Respirei fundo e o