Acordei pela manhã numa cama que não era a minha, num lugar que não conhecia e, pelo barulho do chuveiro, com alguém que eu não faço a mínima ideia de quem seja. A minha cabeça doía e nem descreverei o gosto que estava na minha língua, que por sinal parecia uma lixa. Pisquei algumas vezes, antes da ficha cair e me levantar rapidamente.
"Eu dormi. Acompanhada. Alguém. Dormiu. Comigo." Tiro a coberta, eufórica. Eu estava nua e tinha marcas vermelhas nos seios e ao olhar para o lado, o pânico surgiu. Sangue. Num pulo, me levantei da cama em formato de coração e a ardência no meio das pernas me fez ficar em choque. "Eu perdi. A minha virgindade. Com um estranho." Flashbacks passam por minha cabeça, meus breves momentos lúcida. Um cara me ofereceu bebida, conversamos um pouco e logo já estava em seu carro, não me recordo de ter saído, mas, lembro-me dos amassos no corredor e curtos momentos da transa. — Alex vai me matar. — passo as mãos no cabelo — Eu destruí o meu noivado. Meus olhos começaram a arder. Eu simplesmente acabei com tudo, fiz a destruição completa da minha vida em uma única noite. Mas, se eu não contar, não irá acontecer nada, né? Posso pagar esse homem para ficar quieto, lhe dou uma quantia significativa e ele some. Não haverá traição se ninguém souber. Até ele voltar, depois de anos, e me extorquir... Grande ideia Stella, grande ideia. Sair. Preciso sair daqui. Começo a andar pelo quarto, á procura de minhas roupas, Meu vestido estava jogado perto da porta, meus saltos, perto da cama e a calcinha... Não estava em nenhum lugar. O chuveiro é desligado. Começo a me vestir, esqueça a calcinha, só preciso estar vestida para fugir daqui. Na ponta dos pés, caminho até a porta, tomando o devido cuidado para não fazer nenhum ruído. Giro a maçaneta devagar e puxo a porta. Não abriu. Tento empurrar mas, também não houve nenhum movimento. Eu estava trancada. — Está querendo ir embora, princesa? Ao ouvir a voz rouca ressoando atrás de mim, paralisei no mesmo lugar, a barriga gelou e em meu peito, o coração pulava como um batuque de tambor. — Olha, tenho certeza que nenhum de nós dois é G.P, então, fica aí, vamos conversar. — A chave, onde ela está? — Comigo. — Ótimo, me entregue. — estendo a mão para trás. — E por que eu faria isso? — impertinente. É exatamente a palavra que resume esse cara. — Se quer dinheiro, eu te dou. Mas, em troca, quero que esqueça tudo o que aconteceu e abra a passagem. Tenho um compromisso importante e não posso perder meu tempo aqui. — E por acaso isso envolve o Alex, Stella Esposito? Meu corpo todo se arrepia. Esse cara sabe quem sou, ele tem o poder de me ferrar completamente. Maldita hora que resolvi descontar as mágoas na bebida. — Posso pagar pelo seu silêncio, fale um preço. Um riso ecoou pelo quarto, grave e rítmico. Tenho o poder de dar qualquer valor para esse homem, sei disso, porém, o som que acabara de ouvir, soava como um deboche. — Eu não quero seu dinheiro, garota. Não quero nada que venha de sua família imunda. — Acho bom você dobrar essa sua... — viro-me para encarar o cretino, entretanto, após isso, não consegui dizer mais nada. O moreno era alto, tinha tatuagens no braço e no peito, seu olhar era matador e tinha um corpo escultural, mesmo estando de toalha, suas curvas eram bastante visíveis. Meu silencio não era por sua beleza, estava calada por saber exatamente quem ele era. Se fosse um civil comum seria mais fácil contornar a situação, no entanto, quando se trata de um mafioso, a complexidade disso triplica. Como os sinais indicam, perdi minha virgindade com ele. Com Lucca Bertalli, o homem que minha família quer destruir e aniquilar e cuja a fama, não é tão boa. Segundo boatos, ele é um maníaco e gosta de matar por diversão. Um verdadeiro louco. Pelo o que ouvi, ele começou no mundo da matança aos 9 anos. Em toda a minha vida, papai nunca me deixou ver nada com relação a esse lado obscuro que temos, mesmo sendo sua única filha. — O gato comeu sua língua? Vamos, sente-se, temos muito o que conversar. — Não. — balanço a cabeça negativamente — Não tenho nada para falar com você. — Tem sim, podemos começar falando do seu cabaço. Franzo o cenho em dúvida. Por qual razão eu teria uma conversa dessas com um desconhecido? — Virgindade, lacre, tampão... como preferir chamar. O ponto aqui é que te comi, você era lacrada, rompi essa bosta e segundo a lei, princesinha... — Meu nome é Stella! — corrijo-o — Tanto faz. O que interessa é que agora você me pertence. — diz calmamente. Dessa vez, foi a minha vez de rir. Risada causada pelo meu total desespero. Eu conheço as leis da máfia, eu sei disso, mas não sou louca como ele. Não irei passar o resto da minha vida ao lado de um homem como Lucca, só de imaginar, meu estômago chega a revirar. — Não sou um objeto, senhor Bertalli. Atualmente, o que quero é apenas o seu silêncio. — Lucca, antes de tudo, me chame apenas pelo nome. Agora, quanto o meu silêncio, pode ter certeza que não irá conseguir. Sairá daqui comigo e ainda hoje virará minha esposa, você querendo ou não. — Teu bico fechado é o mínimo que tem que fazer depois de ter me violado, ambos esqueceremos do acontecido e cada um segue sua vida. — Te violado? A tensão sexual foi recíproca. Ambos quisemos, não te obriguei a dormir comigo e nem você me obrigou. — E vai provar como? — Fazer isso é fácil demais. Há câmeras no clube e câmeras neste motel, tenho elas em minha posse. E nelas, rebato o seu pretexto inútil de violação. Apenas continuo olhando em seus olhos, tentando no mínimo, não parecer desesperada. Eu sei que bebi demais, estraguei a minha vida inteira e traí a confiança de alguém, mas, eu quero a minha vida normal. É meu desejo. Fingir que essa bagunça nunca aconteceu. — O que acha de se sentar? Teremos um dia e tanto hoje. — Não vamos ter, não me inclua nisso. O que eu irei fazer é sair daqui e fingir que nada aconteceu, esquecer que dei para uma pessoa como você. — Reformulando, esquecer que se entregou a mim. — Lucca rosna enquanto se aproxima e a minha única reação foi apontar meu salto em sua direção — Já aconteceu, princesa, já te fodi encima daquela maldita cama umas 3 ou 4 vezes durante a noite. Não há como reverter, você é minha. Precisa aceitar. — Cala a boca, cala essa boca pelo amor de Deus. — Sabe as regras. Sabe que não estou mentindo e sabe o que vai acontecer se descobrirem o que aconteceu entre a gente e no momento que sair daqui, sem aceitar a minha proposta, espalharei tudo. Incluindo as imagens das câmeras. — ele coloca a mão no salto apontado para ele — Agora, me responda Stella, vai casar comigo ou não? E foi assim que entrei nessa furada.