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02. "Você tem o dever de ser uma boa esposa..."

Acabo de ser recebida na mansão do cretino e devo admitir que odiei a decoração, é um ambiente sufocante. As pessoas andavam a todo o vapor, tanto os empregados quanto os subordinados. Não compreendi o motivo da euforia, pelo menos até todos se enfileirarem em duas fileiras ficando de frente uns para os outros. A medida que eu passava, as pessoas ali se curvavam a mim e quando atravessei o corredor de pessoas, elas se viraram em direção a enorme escadaria e todos se curvaram novamente.

Isso por acaso é algum tipo de ritual que aquele nojento os força a fazer?

Passei o meu olhar por cada degrau e quando cheguei ao topo das escadas, vi o moreno alto, com o cabelo e terno completamente alinhado, junto daquele sorrisinho perverso e os olhos brilhando. Diferente da calmaria de hoje pela manhã, Lucca se encontrava mais agitado, como se vibrasse internamente ou tivesse bebido algum energético.

Dei de ombros e subi a escadaria, quando estava prestes a passar por ele, carregando a minha mala na qual recusei que os empregados levassem, Lucca pegou em meu braço e me parou.

– Me solte! – ordenei a ele.

– Não irá cumprimentar o seu marido? – disse num tom sarcástico.

– Eu falei para me soltar.

– Não seja petulante Stella, você tem o dever de ser uma boa esposa, não esqueça que posso mudar de ideia e te entregar ao Alex. Prefere morrer nas mãos dele?

Engulo em seco, respiro profundamente e solto o ar. Tudo bem, se brincar de casinha e fingir ser a tal família perfeita for o suficiente para ficar longe dele, eu faço com prazer.

– Olá, querido. – respondi dando um sorriso falso.

Lucca, por sua vez, finalmente me soltou dando um sorriso vitorioso e quanto a mim, voltei para a minha expressão facial de antes.

– Tina, leve a minha esposa até o quarto principal. Ajude-a a guardar o que trouxe consigo.

Uma empregada, já de idade, apareceu e se posicionou a frente de Lucca, no qual não tirou seus olhos de mim. Revirei os meus olhos para ele e fui acompanhando a senhora a minha frente. Andamos por um enorme corredor escuro. Na realidade tudo naquela casa era escuro e nem era por conta da noite e sim pela iluminação baixa, as cores nas paredes e os quadros que me arrepiavam até a espinha.

Tina parou em uma enorme porta de carvalho, a abriu e se curvou, fazendo um gesto para que eu entrasse.

– Chegamos, senhora.

– Por favor, me chame apenas de Stella.

– Claro, se... Stella. — diz, curvando-se novamente.

– Também não precisa de tudo isso, não sou o Lucca e nem quero ser tratada como ele.

– Entendo. — ela parou de me reverenciar e sorriu —  Gostaria que eu levasse a sua mala?

– Não precisa, muito obrigada.

Entrei no quarto, só continuei andando para dar espaço para a senhora ao meu lado passar. O lugar era enorme, cabia perfeitamente umas 80 pessoas ali. Pelo menos me colocou em um quarto decente.

Tina foi até uma porta enorme ao lado esquerdo do quarto, ela puxou para o lado e a entrada abriu facilmente, pelo o que parecia, a porta era de trilhos. Eu a segui e assim que me aproximei, notei os vários e vários ternos pendurados em cabides. Os sapatos sociais estavam logo embaixo e, no meio do lugar, uma ilha com inúmeros relógios embaixo de um vidro de proteção.

– Por que isso está aqui? – questionei – Essas coisas são de quem?

– São do senhor Bertalli, este é o quarto dele.

– Dele? – arregalei meu olhos.

– Sim.

Aquele louco, me colocou neste quarto infernal de propósito. No mínimo, ele deveria ficar longe de mim, isso só pra começar. Não vou deixar passar, eu não irei de forma alguma deixar ele fazer tudo o que quer comigo. Já casamos, fazemos um teatrinho básico que ele exige e agora, preciso abdicar da minha privacidade.

– Onde ele está?

– Provavelmente no escritório. Algum problema?

– Nenhum, só preciso falar com Lucca. Vou deixar minha mala aqui, pode ficar tranquila que não irá ser repreendida.

– Tudo bem.

Eu me viro e percorro todo o caminho que fiz antes de chegar no primeiro andar. Me aproximo de um subordinado rapidamente, o que acabou chamando sua atenção e o fazendo virar.

– Onde está o Lucca? Preciso falar com ele.

– O senhor Bertalli está no escritório, senhora.

– Me leve até ele.

– Mas, creio que não será possível.

– Não me importo se é ou não possível, eu pedi para me levar.

– Senhora, eu não devo a levar lá. Não tenho permissão.

– É algo urgente, se não fosse, eu não estaria pedindo para me guiar até ele.

O subordinado parecia pensar no assunto, mas antes que desse a resposta, meu corpo inteiro se arrepiou ao sentir um toque quente em minha cintura.

– O que a minha esposa quer comigo? – respondeu Lucca com sua voz rouca perto de meu ouvido e sua mão me apertando devagar.

Me viro rapidamente, vendo-o com um enorme sorriso no rosto. Com apenas um aceno o subordinado saiu, deixando nós dois sozinhos.

– É bom não se aproximar de mim.

– É um pouco difícil visto que você é minha mulher e agora eu não posso mais... Bom, me divertir com outras, se é que me entendeu.

– Então é por isso que me colocou no seu quarto?

– Exatamente, meu amor.

– Seu cretino desgraçado! Pode pedir imediatamente que me realoquem, entendeu? Não vou dormir com um nojento igual você.

– Estrelinha, você já dormiu com esse nojento.

– Eu estava bêbada Lucca, bêbada. Você se aproveitou da situação.

– Sim, me aproveitei. Não é todo dia em que a filha do meu inimigo foge para dançar e acaba sozinha. – ele faz uma pausa, depois continua com a sua voz calma e seu perfil inabalável – Continuar bebendo com o homem que sua família odeia e ir parar na cama de um motel barato com ele, tendo um noivo ainda por cima, foi uma baita rebeldia da sua parte, estrelinha. Não acha que já passou da idade para ser uma adolescente rebelde?

Ele anda ao meu redor.

– Agora virou uma traidora para os Esposito e ao Alex, seu noivo meia boca. Só que para mim, meu amor, você é como a minha chave mestra. Você é meu tudo, estrelinha, é a minha rainha, e a minha peça mais importante. Você tem sorte por eu ter te tirado das mãos daquele cara.

Lucca estava fervilhando de emoção, parecia que acabar com a minha vida o deixava maravilhado e empolgado.

Eu caí em sua mão e creio que futuramente, se eu não acabar fugindo, serei a sua marionete. Na verdade, já sou. Concordei com tudo isso, mesmo sabendo que de qualquer forma já estaria na lama. O desespero me trouxe aqui e, agora, irei virar uma peça no seu jogo de tabuleiro.

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