Jaqueline passou a mão no rosto para secar as lágrimas e olhou para a assistente.
— Estou pensando em vender o estúdio e ir embora daqui.
Clarice tinha partido. Sem ela, aquele lugar havia perdido qualquer resquício de conforto ou segurança. A cidade que antes era um lar agora não passava de um território cheio de recordações dolorosas. Jaqueline sabia que precisava recomeçar em outro lugar.
— O quê? Por quê? — A assistente arregalou os olhos, surpresa com a decisão repentina.
— Quero tentar viver em outra cidade.
— Mudar de cidade não vai resolver nada. Mais fácil mudar de mentalidade! Chefe, você leva a vida muito a sério.
Jaqueline sorriu de leve.
— Talvez você tenha razão.
Mas será que viver não exigia mesmo seriedade?
— Se você quer tanto mudar de lugar, por que não mantém o estúdio? Assim, se não se adaptar, pode voltar.
Jaqueline encarou a assistente por alguns segundos, pensativa. Uma ideia estranha passou por sua cabeça.
E se Clarinha não tivesse morrido?