— Não tenho motivos para ir. Melhor deixar pra lá. — A voz do homem carregava um leve tom de melancolia. — Você não quer ver sua mãe? — Sei que ela está bem na família Bennett. Isso me basta. — Por que não a levou com você? Você tem plenas condições de sustentá-la, não tem? — Na família Bennett, ela tem alguém que ama. Ao meu lado, não teria ninguém. Se eu a forçasse a vir comigo, ela murcharia. O caminho que sua mãe escolheu foi voluntário. Se ele a arrancasse dali, ela não seria feliz. E sem felicidade, a vida dela se esvairia mais rápido. Então, para quê? Sterling permaneceu em silêncio. Ele nunca havia pensado sobre amar e ser amado. Desde pequeno, só aprendera a sobreviver e conquistar o que queria, sem nunca refletir sobre sentimentos. O que era, afinal, o amor? — Esquece. Falar disso com você é perda de tempo. Quando um dia amar alguém de verdade, vai entender o que estou dizendo. A ligação caiu. Sterling ficou segurando o celular, se perguntando: o que era
Clarice hesitou por um instante, mas não teve escolha senão sair do elevador e pegar o celular para ligar para Sterling. A chamada, no entanto, estava ocupada. Provavelmente, ele estava falando com Teresa. Sem alternativa, ela se dirigiu à recepção para buscar informações. Assim que terminou de perguntar, ao se virar, seus olhos pousaram diretamente em Teresa, que caminhava em direção ao elevador de braços dados com Sterling. O sorriso doce no rosto dela contrastava com a expressão serena de Sterling. Naquele instante, um aperto desconfortável tomou conta do peito de Clarice. Ela respirou fundo, desviou o olhar e seguiu para a escada. Ao chegar ao andar da internação, parou diante da porta do quarto da avó e permaneceu ali por alguns segundos, tentando reunir forças antes de finalmente empurrar a porta e entrar. O quarto estava silencioso, apenas o som ritmado dos aparelhos monitorando os sinais vitais preenchia o ambiente. A imagem da avó, deitada na cama, com um tubo
O olhar de Sterling pousou no rosto dela, e um sorriso frio curvou seus lábios. — Você realmente é uma esposa exemplar. Será que devo te recompensar? Clarice sorriu de leve e balançou a cabeça. — Não quero nada. As recompensas que ele oferecia eram um peso que ela não podia carregar. — Hmph... — Sterling franziu a testa, sua expressão sombria. — Fique aqui e cuide bem da Teresa. Vou para a empresa. A indiferença dela o incomodava. — Então vá com calma. — Clarice acenou com a mão, o sorriso radiante no rosto. Sterling soltou um resmungo frio pelo nariz e virou-se para sair. Antes, Clarice nunca o tratava assim. Sempre que ele saía, ela o acompanhava até a porta e ainda pedia um beijo de despedida. Agora, tudo que ele recebia era um simples “vá com calma”. A diferença era gritante. Com o humor azedo, Sterling entrou no carro. O celular tocou. Era Túlio. Mesmo irritado, ele atendeu a chamada. — Vô, já prometi que vou para o jantar. Se eu disse que vou, então eu v
— Tem um projeto de paisagismo que precisa de um estúdio para elaborar as plantas. Parece que a melhor amiga da Sra. Davis abriu um escritório de design de jardins e tem uma boa reputação. Quer que eu entre em contato com ela? — Isaac perguntou com cautela, tentando entender o que Sterling pensava sobre o assunto. — Por acaso só existe esse estúdio de paisagismo em toda Londa? — Sterling retrucou friamente. — Entendi. — Isaac compreendeu na hora. Sterling obviamente não queria envolvimento com esse estúdio, então melhor deixar pra lá. Sterling massageou as têmporas, sentindo um leve incômodo. — Espalhe a notícia de que estamos buscando parceiros para esse projeto. O resto não é problema seu. Agora, traga os documentos urgentes para eu assinar. Se Clarice e Jaqueline eram tão próximas, era apenas questão de tempo até que ela viesse pedir um favor. E quando isso acontecesse, ele poderia impor suas condições. Isaac, mesmo sem entender a intenção de Sterling, apenas assentiu e
— Sterling, eu preciso sair agora e quis avisar você.Se não avisasse, com certeza Teresa arranjaria um jeito de armar contra ela pelas costas. Antes, quando estava sozinha, não se importava com o que Sterling fazia para atormentá-la. Mas agora, grávida de gêmeos, não podia se dar ao luxo de deixar que ele causasse problemas. Toda a esperteza que adquiriu no mercado de trabalho agora era usada para lidar com Sterling e Teresa. Se não fosse por ela mesma, ao menos precisava pensar nos bebês que carregava no ventre.— Você não acabou de voltar da rua? Vai aonde de novo? — Sterling perguntou, claramente irritado. Essa mulher agora queria sair o tempo todo!— Enviei meu currículo pela internet e uma empresa me chamou para uma entrevista agora. — Clarice, obviamente, não podia dizer a verdade, então inventou qualquer desculpa. Mentir não era nenhum desafio para ela.— Você ainda nem pediu demissão e já está fazendo entrevista em outra empresa? Clarice, você é advogada, por acaso não conhec
Quanto à punição que Sterling decidiria para ela, isso era um problema para depois. Guardando o celular, Clarice seguiu diretamente até o posto de enfermagem para falar com as enfermeiras e pedir que ficassem atentas a Teresa no quarto. Depois disso, saiu do hospital. Ela já tinha avisado Sterling que iria embora e também se certificou de que Teresa receberia os devidos cuidados. Se algo acontecesse nesse meio tempo, ninguém poderia culpá-la. Ao descer as escadas, enquanto esperava o carro, pegou o celular e ligou para Jaqueline. — Clarinha, o que foi? — Jaque, preciso ir ao hospital fazer mais um ultrassom. Você está livre para ir comigo? — Outro exame? O bebê está bem? — A preocupação na voz de Jaqueline foi imediata. — Existe a possibilidade de serem gêmeos! — Clarice respondeu, lembrando-se de como Jaqueline havia brincado com essa ideia antes. No fim, parecia que a boca dela realmente tinha poder. — O quê? Meu Deus! Que surpresa incrível! Onde você está? Espera aí
Jaqueline se virou bruscamente, surpresa, seus belos olhos fixos no homem. — Do que você está falando? Que absurdo é esse?! — Você sabe melhor do que ninguém se é absurdo ou não. Jaqueline, já que está comigo, é melhor se comportar. Caso contrário, veremos como eu cuido de você. — Os dedos longos dele brincavam com o pequeno sino no tornozelo dela, enquanto sua voz fria carregava uma ameaça sombria. Há poucos instantes, os dois estavam envolvidos em carícias e sussurros íntimos. Agora, as palavras do homem eram cortantes e impiedosas. Jaqueline respirou fundo e, ignorando a dor no corpo, se ergueu lentamente. Com um gesto gracioso, puxou os cabelos longos e ondulados para trás da orelha e soltou uma risada suave. — Se eu não obedecer, perco tudo, né? Seu estúdio. Sua melhor amiga. Tudo o que havia conquistado. O sorriso dela era encantador, sedutor até, mas nos olhos havia um brilho úmido, quase imperceptível. O homem sentiu uma irritação inexplicável crescer dentro del
O médico examinou Jaqueline e confirmou que estava tudo normal, soltando um suspiro de alívio. Mas, ao se virar, deu de cara com o olhar assassino de Simão. O susto foi tamanho que sua voz saiu trêmula. — S-Sr. Simão... — Como ela está? Por que ainda não acordou? — Simão perguntou, a voz carregada de impaciência. O olhar que lançou ao médico era afiado como uma lâmina, capaz de cortar um homem ao meio. O médico não fazia ideia do que tinha feito para irritar tanto aquele patrão. Suando frio, limpou a testa com pressa e respondeu rapidamente: — Ela está bem, só exausta. Dormiu de cansaço. Seu rosto estava pálido. Escolheu cada palavra com extremo cuidado, temendo dizer algo errado e enfrentar as consequências. — Então pode ir embora. E não deixe escapar uma única palavra sobre isso. — Simão ordenou friamente. O médico jamais ousaria comentar os assuntos de Simão com alguém. Isso seria suicídio. — Entendido. Com licença. Antes de sair, pegou um pequeno frasco do kit m