Isabelly foi embora, deixando Clarice e Sterling frente a frente. — O que vocês estavam falando agora? Clarice, você está escondendo alguma coisa de mim? — Sterling perguntou, estreitando os olhos. Ele sentia que havia algo estranho em Clarice, mas não conseguia identificar exatamente o que era. Clarice sentiu o coração apertar, mas rapidamente recuperou a calma. Ela sorriu e respondeu: — Sterling, você pode investigar tudo sobre mim, eu poderia esconder alguma coisa de você? Ela sabia que ele era desconfiado por natureza e que seus segredos não ficariam escondidos por muito tempo. Por isso, precisava sair da vida dele antes que ele descobrisse a verdade e colocasse em risco o bebê que ela carregava. O sorriso dela parecia forçado, o que só aumentou a desconfiança de Sterling. Ele começou a se perguntar o que, afinal, Clarice estava escondendo dele. Ele deu um passo à frente e estendeu a mão para puxá-la pelo braço, mas foi interrompido por uma voz feminina atrás dele. —
Teresa pensou por um momento, tentando entender o que estava acontecendo, mas, por mais que tentasse, não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. No fim, respirou fundo, mordeu o lábio e, com a voz baixa, disse: — Sterling, estou com vontade de vomitar. Você pode me ajudar? Ao ouvir Teresa dizer que queria vomitar, Sterling não pôde evitar lembrar de Clarice vomitando em cima dele mais cedo. Teresa vivia reclamando de enjoos por causa da gravidez, mas Clarice também havia vomitado de forma inesperada. Será que era possível que Clarice estivesse mesmo grávida? Sterling ficou em silêncio, perdido em seus pensamentos. Teresa, ao perceber sua reação, começou a se sentir inquieta. Ele nunca agia assim na frente dela. Por que estava tão diferente naquele dia? Enquanto mil pensamentos passavam por sua cabeça, a voz grave de Sterling interrompeu o silêncio: — Você ainda quer vomitar? Teresa assentiu freneticamente, emitindo um som baixo de confirmação. Sem dizer mais nada, Sterli
Quando Isabelly chamou Clarice para fora da sala, a mulher deu de cara com a cena de Sterling saindo apressado, carregando Teresa nos braços. Clarice forçou um sorriso amargo enquanto observava a cena. Mesmo ela sendo a esposa legítima, eles não faziam questão de esconder sua intimidade. Abraçados daquele jeito, era como se Clarice nem existisse. Sem hesitar, ela pegou o celular e tirou duas fotos rapidamente. Ao se virar, viu Isabelly sorrindo de forma maldosa, claramente se divertindo com a situação. Clarice achava impressionante como Isabelly podia ser tão tola. Estava sendo usada e ainda assim parecia satisfeita com isso. — Clarice, deve ter doído ver o grande chefe tão apaixonado pela Sra. Teresa, né? — Isabelly provocou, com um sorriso tão largo que seus olhos se estreitaram. Na cabeça dela, Clarice finalmente se daria por vencida. — Nunca vi alguém tão burro como você. — Respondeu Clarice, sem sequer alterar o tom de voz. Então, passou por Isabelly sem dar mais atenção
Clarice recolheu os pensamentos e, com o rosto pálido, disse: — Preciso resolver algo, volto depois. Assim que terminou de falar, ela pegou a bolsa e saiu apressada. Lilian observou a colega se afastar, com uma expressão de preocupação no rosto. O que poderia ter acontecido para Clarice estar tão abalada daquele jeito? Assim que saiu do escritório, Clarice não conseguiu mais segurar as lágrimas. Elas escorreram pelo rosto, carregadas de dor e angústia. O motorista, ao perceber seu estado, ficou preocupado. Ele tentou confortá-la: — Chorar não resolve nada, moça. Seja forte. Clarice virou o rosto para a janela, olhando as ruas enfeitadas com verbenas florescendo. Elas pareciam ainda mais vibrantes naquele dia, mas para ela eram como uma provocação. Teresa adorava verbenas, e Sterling, para agradá-la, havia mandado decorar todas as ruas de Londa com aquelas flores. Ele realmente fazia tudo por Teresa, não fazia? O motorista, sem entender o motivo das lágrimas dela, contin
Durante os dois anos em que Clarice foi enviada para o interior, sua avó, Fernanda, sempre a chamava carinhosamente de “Clari”. Os ovos que as galinhas e os patos botavam eram todos reservados exclusivamente para ela.Naquela época, mesmo vivendo no campo, Fernanda mantinha sua elegância. Vestia saias o ano inteiro, e sua beleza e postura faziam Clarice acreditar que ela nunca havia pertencido de fato à vida rural.— Clari, vem aqui, deixa eu te olhar! — A voz de Fernanda era fraca, mas ainda carregava o mesmo carinho de sempre. Após dormir por tanto tempo, ela estava muito debilitada. Mesmo aquelas poucas palavras pareciam consumir toda a sua energia, e ela ficou ofegante.Clarice se apressou em ir até a cama e sentou ao lado dela. Com cuidado, colocou a mão no peito da avó, ajudando-a a respirar melhor.Diante de seus olhos, Fernanda parecia apenas pele e osso. Ainda assim, era possível enxergar as linhas delicadas do rosto que, em outros tempos, tinha sido incrivelmente belo.— Minh
Clarice ficou imóvel por um momento, surpresa com a pergunta repentina da avó. Fernanda nunca tinha conhecido Sterling. Como ela sabia? A reação de Clarice, no entanto, foi interpretada por Fernanda como uma confirmação silenciosa. Fernanda sentiu o coração apertado, e seus olhos ficaram marejados. Ela se culpava por tudo, acreditando que era um peso na vida de Clarice. Na cabeça de Fernanda, Clarice havia se casado com Sterling por causa de dinheiro. Afinal, os custos do hospital eram altíssimos, e, por mais que Clarice trabalhasse incansavelmente, ela nunca conseguiria pagar tudo sozinha. — Clari, se ele não te ama, e você não está feliz, então deixe ele. — Fernanda disse com dificuldade. — Nem todo mundo precisa se casar ou viver ao lado de um homem para ter uma boa vida. Você também pode ser feliz sozinha. — Vó, eu estou bem, de verdade. Não precisa se preocupar. Aliás, que tal você ajudar a escolher o nome do bebê? — Clarice tentou desviar o assunto. Ela não queria falar
Clarice viu Sterling em silêncio, sem conseguir adivinhar o que ele estava pensando. No fim, respirou fundo, tomou coragem e segurou sua mão, puxando-o em direção à cama. Sterling abaixou os olhos para as mãos deles entrelaçadas, e um leve sorriso surgiu em seus lábios, formando uma curva sutil e quase imperceptível. Ao chegarem ao lado da cama, Clarice se inclinou levemente e falou com delicadeza: — Vó, este é o Sterling. Depois, ela deu um pequeno puxão na mão dele, como quem o incentivava a dizer algo. Sterling se inclinou, sorriu educadamente e cumprimentou Fernanda: — Vó, olá. Me desculpe por só agora conseguir um tempo para vir vê-la. Fernanda olhou para ele, depois para Clarice, e comentou: — Vocês dois são tão bonitos... Se tivessem um filho, com certeza seria lindo! Ela falou devagar, cada palavra saindo com esforço, mas o impacto de sua frase fez o coração de Clarice apertar. Ela havia pedido anteriormente que sua avó mantivesse segredo, mas ali estava Ferna
Os enfermeiros entraram rapidamente no quarto. — Vamos iniciar o procedimento de emergência. Por favor, os familiares devem se retirar! Clarice queria ficar, mas Sterling a puxou pelo braço e a levou para fora. Do lado de fora do quarto, Clarice sentia o coração apertado. A preocupação com sua avó a deixava completamente ansiosa. Sterling pegou o celular e fez uma ligação para Isaac. Após desligar, ele olhou para Clarice e disse: — Pedi para o time médico vir tratar da sua avó imediatamente. Além disso, o Isaac vai localizar especialistas para realizar uma nova avaliação. Sua avó vai ficar bem. Clarice, com os olhos vermelhos, olhou para ele e agradeceu, a voz fraca: — Obrigada… Sterling tirou um lenço do bolso e colocou na mão dela. — Enxugue essas lágrimas. Clarice, você é minha esposa. Ajudar sua avó é minha obrigação. Mas se você não fosse minha esposa, eu não me importaria se ela vivesse ou morresse. As palavras dele foram diretas, cheias de frieza e realidade.