Eu quase não consegui dormir aquela noite. E se papai pedisse a minha ajuda? Eu nunca pensei que poderia fazer algo por ele. Quando a manhã chegou, ele já tinha saído, como sempre. Não se despediu, nem me deu bom dia, como sempre.
Depois de uma semana, eu desisti. Papai não queria a minha ajuda.
A gente quase não via o papai, e os dias iam passando sempre do mesmo jeito. Ele saía muito cedo e voltava quando eu já estava dormindo. Eu fazia minhas lições de piano e, depois, a Celina me ajudava a ler. Eu tinha que ler um livro por semana e depois falar com meu professor sobre o que eu tinha entendido. Tudo estava certinho, tudo na rotina.
O dia que passamos juntos parecia uma lembrança bem longe, quase como se tivesse sido um sonho, porque o papai nunca falou sobre isso. Tudo voltou a ser igual tão rápido.
Sentei para almoçar e quando terminei, fui escovar os dentes, enquanto Celina anotava as novas atividades do dia seguinte na agenda.