O silêncio se estendeu entre nós. Gabriel olhou o tabuleiro incrédulo, depois voltou o olhar para mim. Dava para ver claramente, que não esperava ser vencido na sua partida de xadrez. Mas olhando bem para ele, Gabriel não parecia irritado. Pelo contrário, estaria ele... admirado?
— Você me enganou bem — disse, recostando-se na cadeira.
— Apenas me adaptei ao jogo, senhor.
— Perfeito. Você foi brilhante, Celina.
Baixei o olhar, como se o elogio não tivesse importância. Mas por dentro, eu sabia: aquela vitória era mais do que um jogo simples.
— Eu não costumo perder.
— Eu tenho certeza, o senhor foi um adversário formidável.
— Como ganhou? Você jogou como se estivesse ouvindo meus pensamentos. Como se estivesse dentro da minha cabeça.
Sorri.
— O senhor é um estrategista. Eu apenas aprendi a reconhecer padrões. Não importa se é um tabuleiro de xadrez ou uma discussão no café da manhã, o senhor segue um ciclo. Avança, testa limites, cerca o oponente, e então derruba.