Já eram quase duas da tarde, e Celina ainda não havia chegado. Combinei com ela que nos encontraríamos a cada dois meses para sabermos em que ponto estávamos. Era nossa maneira de garantir que Sofia não ficasse desamparada — nem emocionalmente, nem em relação às regras rígidas do senhor Gabriel.
Sofia estava na escola a essa hora, então não havia risco de alguém nos ver juntas, mas, mesmo assim, a tensão não me abandonava. Meu coração estava apertado, como sempre fica quando penso na menina.
Pobre Sofia. Como será que ela estava? Será que o brilho nos olhos dela havia voltado? Ou ainda era ofuscado pela frieza da casa em que crescia?
Olhei para o relógio mais uma vez, batendo os dedos na mesa do café em frente à pracinha. Provavelmente, Celina estava indo bem. Sem a Dona Regina lá, se o senhor Gabriel não tivesse gostado da abordagem de Celina, já a teria despedido. Meu Deus, será por essa razão Celina que estava demorando tanto? Tinha sido despedida?