Sienna Snyder
Faz alguns dias que não vejo Vincent. Depois do nosso terceiro erro consecutivo, não nos trombamos mais, o que é um alívio, porque por mais que estejamos atraídos um pelo outro, não quero levar a carreira dele pra baixo por minha causa. Entro no carro rumo a faculdade e em poucos minutos chego. Amber vem ao meu lado. Ao que parece, todos estão comentando. Entro na faculdade e as fofocas começam. Alguns me olham com raiva, outros com medo e alguns debocham. Sempre soube que se descobrissem sobre o assunto, isso seria assim. — Tem certeza que tá bem?— Amber diz agarrada ao meu braço. — Eu tô, amiga. Não se preocupe. Por maior seja a raiva de alguns por mim, eu não vou baixar minha cabeça para eles. Ela acena e some do meu campo de visão. Estou em um corredor totalmente vazio, e agradeço por isso, quando um braço me puxa para uma sala. — Vincent? — Olho pra ele e vejo que estamos no seu escritório. Não tenho tempo de reagir quando ele avança e me beija profundamente. Sua língua começa a dançar e eu dou espaço a ela. Por maior que seja esse erro, é bom errar com ele. — Sabe que não deveríamos…— digo sem fôlego. — Mas eu não consigo evitar.— Ele encosta a testa na minha, enquanto nos recuperamos. Ele começa a me roubar beijos, e por mais que eu adorei isso e eu precise afastá-lo, eu simplesmente não consigo. — Por que está me deixando nessa posição? Sabe que pode estragar sua carreira se descobrirem. — É só não descobrirem. Ele volta a tomar meus lábios e logo meus dedos estão em seu cabelo. Suas mãos agarraram minha cintura e me colocaram facilmente sobre a mesa. Passo meus braços em volta de seu pescoço e me afundo no beijo. Suas mãos começam a explorar meu corpo, enquanto tento manter minha sanidade e não cometer uma loucura nesse escritório. — É melhor pararmos por aqui.— Me separo dele. — Você está certa. Ele me dá espaço e assim eu saio de cima da mesa. Agora meus pensamentos me perguntam o que isso significa. — O que isso vai significar? Não podemos toda hora termos um ápice de atração e nos pegarmos. — Concordo. Temos que resolver isso. O que acha de continuarmos com isso? Olho totalmente surpresa para ele. Nunca pensei que o veria me oferecendo essa solução. — Você quer continuar com isso? — Quero.— Ele vem em minha direção e me prende entre a mesa.— Por maior que sejam as consequências, não consigo evitar pensar no que há entre nós. Você quer isso? Estou procurando as palavras corretas para usar. — Quero, mas sabes como tudo isso é complicado e errado. — Esquece isso de erro. Eu quero você. Pisco algumas vezes atônita com essa declaração. Não é algo do tipo, casa comigo, mas está me deixando impactada. Agarro em seu rosto e deposito um beijo em seus lábios. Espero que ele saiba interpretar. — Vou considerar isso como um sim.— Ele retribui e assim volta a devorar meus lábios, mas pra nossa alegria, alguém b**e na porta. Me separo dele totalmente assustada e sussurro: — Quem deve ser? — Provavelmente o Jack. Ele viria buscar uns documentos comigo. Se esconde. Ele me leva até um grande armário e assim entramos os dois. — Tá ficando doido? Achei que ia falar com ele. — Se ele achar que não estou aqui, só irá pegar os documentos e sair rapidamente. Ouvimos a porta sendo aberta e logo Jack entra. Olho para Vincent que ri da situação. Na minha opinião ele está gostando bastante desse esconde esconde. — Ele vai te ouvir. Logo a porta é aberta novamente. Saímos do armário e Jack felizmente já foi embora. Respiro normalmente novamente. — Vou indo. Antes que eu saia, Vincent me puxa de volta a ele e me beija. — Tá gostando do perigo em? — Talvez.— Ele diz enquanto deposita um beijo em meus lábios. — Até depois. Me despeço dele. Abro a porta do escritório e vejo se há alguém no corredor e saio. Estou andando enquanto olho para todos os lados, quando trombo com Amber. — Tá atrasada, Sienna. — Vou cabular essa aula. Tô sem tempo pro julgamento de todos. — Não pode ligar pro que falam— Ela tenta me tranquilizar.. — Eu não ligo Amber.— Volto a andar.— O problema é que vou acabar arrumando briga com alguém. Estou dizendo exatamente isso, quando alguém b**e nos livros que estão na minha mão. Olho para alguém que não conheço e que sai andando como se nada tivesse acontecido. — Sienna, se acalma. — Me acalmar. Eles são adultos e agora querem praticar bullying comigo. Amber olha pra mim como se quisesse se desculpar por algo que não tem nada a ver com ela. Mas com minha volta, eu sabia que coisas desse tipo aconteceriam. Pego os livros que caíram e volto a caminhar. Se acham que vão começar a me intimidar, estão totalmente errados. Guardo minhas coisas no armário e saio para a biblioteca. As pessoas ainda me olham com repulsa, como se isso fosse me afetar. Para alguém que foi abandonada pela própria família, isso não muda nada. Amber me olha antes de voltar a sua aula e eu apenas preciso de espaço e não há lugar melhor que a biblioteca. Vou para um canto abandonado da biblioteca e pego meu caderno de desenhos. _________________________________ Vincent Becker Termino minhas aulas e vou para meu escritório. Agora não consigo olhar para essa sala sem me lembrar do meu momento com Sienna mais cedo e isso é algo que quero que não saia da minha cabeça. Estou sentado em minha cadeira, quando o diretor entra. — Professor Becker. — Diretor. — Preciso que mantenha a ordem em relação ao nome da senhorita Snyder. Os alunos estão ficando revoltados e pedindo a expulsão dela, pois afirmam não querer estudar com uma assassina. — Estão pedindo isso? — Sim, infelizmente. Já deixei os outros professores avisados, porque isso pode se tornar algo muito maior. — Pode deixar, diretor. Ele acena antes de sair da minha sala. Eu sabia que o que houve traria coisas negativas em relação a ela, mas exigir uma expulsão é muito. Saio da sala em busca de Sienna enquanto os outros alunos estão almoçando. Entro na biblioteca a procura dela, e se eu estiver certo, ela está aqui. A procuro por todo lado e nada. Estou prestes a desistir, quando vejo uma pequena luz vindo de um lugar isolado da biblioteca. — Você está aqui. — Me procurando? — Ela olha para mim com um brilho diferente nos olhos, talvez seja tudo o que está acontecendo. — Sim, infelizmente as coisas não estão boas em relação a você. — Estão querendo que eu saia da faculdade, né? Confirmo com a cabeça. Seria errado mentir pra ela em relação a isso, até porque ela é o foco central do assunto. — Talvez eles não estejam errados.— Ela se levanta e começa a guardar suas coisas. — Sabe que isso não é da responsabilidade deles, decidir se você deve ou não sair. — Mas eles vão fazer isso acontecer. Podem durar dias, semanas, mas vai acontecer.— Ela sorri sem graça. Seguro seu rosto e olhos dentro de seus olhos que me atraíram desde o primeiro dia. — Você não pode se torturar. A faculdade não vai permitir que nada aconteça. — Alguém pode nos ver. — Estão todos comendo. Ela sorri e me beija. Eu retribuo, pois pode ser que ela precise disso. Por mais que não nos conheçamos a muito tempo, desde a primeira vez que a vi, senti algo em relação a ela. — Quer se encontrar hoje?— Pergunto ansioso por sua resposta. — Claro. Nós nos vemos depois.— Ela me beija e sai andando. … É de noite e estou finalmente liberado da faculdade. Entro em meu apartamento e arrumo tudo. Aproveito para tomar um banho. Estou ainda de toalha enrolada na cintura, quando uma batida ressoa na porta. — Sienna.— Abro a porta, mas para a minha surpresa não é quem eu esperava. — Professor?— Amber diz tapando os olhos. Olho para o lado e vejo Sienna chegando. Continua…