Um Presente de Natal
Um Presente de Natal
Por: S.R.Silva
Capítulo Um

Isabel Ferreira

Estava um pouco nervosa para a entrevista de emprego, sei que não deveria ficar desse jeito, já que não é a primeira vez que passo por isso, mas não é todo o dia que o dono de uma das maiores empresas de comunicação te liga pessoalmente para marcar a entrevista depois preciso agradecer a Ju por isso.

Cheguei ao local da entrevista e fui à recepção me identificar, já com meu crachá de visitante entrei no elevador e contei até 10 para me acalmar, por que estou tão nervosa? Já dei aula para uma turma com trinta e cinco alunos, isso eu tiro de letra. Se minha mãe não tivesse partido eu provavelmente ligaria para ela, pois ela saberia exatamente o que fazer, se o covid não a tivesse levado. Se recomponha Isabel, essa não é a hora de ficar triste, meu subconsciente ralhou comigo e o agradeci por isso.

Me apresentei à secretária de meia idade que sorriu para mim.

— Bom dia Isabel, por favor, aguarde um minuto que o senhor Thiago irá lhe atender. – A senhora diz e eu agradeço.

Me sentei na cadeira para aguardar e ela era gostosa e muito mais confortável do que o da minha casa. Um tempo depois um homem bem vestido e bonito saiu da sala.

— Você deve ser a nova? – Ele perguntou e eu confirmei com a cabeça — Deixa eu advinhar? A nova babá do Thiago?

— Na verdade, do filho dele.

— Boa sorte com a fera querida, você vai precisar. – Ele sorriu e se foi, já estava bem tranquila, mas agora meu coração parece que vai sair pela boca.

— Se acalme querida, vai dar tudo certo. – A senhora disse olhando para mim. — Você pode entrar.

Me levantei, respirei fundo e entrei, o homem era muito bonito, ele estava lendo algum documento e acho que não notou a minha presença.

— Vai ficar parada me olhando ou se sentar. – Fui pega no flagra pelo talvez meu futuro chefe.

— Desculpe senhor. – Fechei a porta levemente e me sentei.

— Vamos direto ao ponto, eu li o seu currículo e achei você qualificada para o serviço, meu filho tem oito anos em breve nove, ele é um menino fantástico, porém perdeu a mãe muito cedo para aquela m*****a covid três anos atrás, então ele se tornou um pouco fechado, mas é muito doce, ele tem uma rotina que precisa ser seguida a risca, então espero que você a cumpra. – Ele fala tudo sem tirar os olhos do papel um segundo.

— Seria mais fácil se parasse de mexer nesses papéis e falasse olhando para mim.

— O que foi que disse? – Ele levantou a cabeça pela primeira vez e me encarou, nossos olhos se encontraram, fui atraída para aquele belo par de olhos azuis, fiquei sem jeito e desviei o olhar.

— Desculpe senhor, acabei pensando em voz alta.

— Dá próxima vez tenha cuidado com esses pensamentos altos – ele voltou a encarar os papéis. — Você pode começar amanhã?

— Com toda certeza, só o senhor me passar o endereço e o horário que eu devo chegar.

— Magnólia fará isso por mim, ela te passará o endereço com todas as informações. Nos vemos amanhã. – E com essa fala eu sabia que era a deixa para que eu me levantasse e fosse embora.

— Muito obrigada senhor.

Fui até a mesa da secretária que eu descobri se chamar magnólia e ela me entregou o endereço e pediu que eu chegasse às 05:00h. Ainda bem que eu tenho a moniquete, meu carrinho vermelho que me leva para todo o canto.

Mal cheguei em casa e minha irmã me ligou.

— E aí como foi? – Ela perguntou mais nervosa do que eu quando fiz a entrevista.

— Foi tudo ótimo, estou contratada e já começo amanhã.

— E qual é o salário? – Me lembrei que não perguntei.

— Não sei, esqueci de perguntar a dona Magnólia.

— Sua cabecinha de vento, mas não se preocupe com certeza vai ser bem maior do que o salário de uma professora. – Concordei com ela. — Vou ligar para Luana e nós três vamos comemorar.

— No melhor estilo de comemoração das irmãs Ferreira?

— Com toda certeza.

— Mal posso esperar para isso, vamos ter que dançar a macarena da comemoração.

— Nunca pode faltar. Minha irmã linda de bonita vou desligar, pois tenho que voltar ao trabalho.

Desliguei o celular e fiz uma pequena oração agradecendo aos céus por essa benção, a minha mãe era uma pessoa muito religiosa e ensinou isso para as filhas, nós íamos à igreja regularmente, mas depois que ela faleceu perdemos o estímulo.

Ela faleceu bem no auge da doença, quando não tínhamos vacina e nem sabíamos o que deveria fazer, foi muito difícil para nós deixá-la sozinha, quando ela faleceu soubemos por telefonema e nem pudemos fazer um velório para nos despedirmos direito, pois ela precisou ser enterrada rapidamente, minhas irmãs e eu tentamos seguir a vida, mas a nossa mãe faz muita falta.

À noite minhas irmãs me ligaram e fui me encontrar com elas no bar, quando cheguei as duas já estavam bebendo.

— Mais vocês bebem. – Digo a elas que se assustam.

— Merda! Que susto Bebel. – Minha irmã, pôs a mão no peito e eu gargalhei enquanto chamava o Dinei que era o garçom e nos conhece há muito tempo.

— Você se assusta muito fácil Luana, nunca vi, vamos encher a cara com moderação, por que não vou levar ninguém pra casa até porque nem de carro vim.

— Olha as três juntas, então é sinal de boas notícias. – Dinei sorriu e nós concordamos. — Vai ser o de sempre Bebel? – Ele pergunta e eu afirmo. — Já trago o seu pedido.

Ele se retirou e ficamos conversando até que a música da macarena começa a tocar, sempre que temos uma notícia boa nós pagamos o mico de dançar macarena, isso é uma tradição que começou com a nossa avó.

— Vamos meninas, a nossa música começou – Camilla é minha irmã mais velha, ela meio que tomou o lugar da nossa mãe e agora é responsável por puxar a nossa orelha quando estamos fazendo besteira.

Depois de dançarmos nos sentamos para comemorar mais uma conquista.

— Estou muito feliz por você irmã, espero que se dê muito bem no seu novo trabalho.

— Eu também, irmã, estou torcendo por você. – Nós nos abraçamos e depois de um tempo conversando fomos embora, já que no dia seguinte eu teria que acordar muito cedo, pois o local onde irei trabalhar é bem distante da minha casa.

No dia seguinte acordei bem mais cedo que o normal e entrei no moniquete, durante o trajeto me pergunto por que não tomei café, agora estou faminta, vi uma cafeteria estacionei e entrei.

— Bom dia! Vocês tem bolinho de mirtilo? – Perguntei à atendente que confirmou — Ótimo! Eu quero três e também quero café, tudo para viagem, por favor.

Enquanto esperava senti alguém tocar minha cintura e quando me virei para socar a pessoa atrevida era minha amiga.

— Alicya, quanto tempo mulher? O que está fazendo de bom? – A abracei.

— Amiga, como você está linda. Menina ando em uma correria, não sei se sabe, vou viajar para o Japão.

— Vai realizar seu sonho que maravilha.

— Sim. Vou conhecer o país do meu noivo. – Fiquei surpresa com isso.

— Que maravilha amiga, boa sorte. – Meu pedidos chegam e quando vejo o horário percebo que se não correr agora me atrasarei. Queria poder conversar mais com você, mas vou me atrasar.

— Depois nos falamos por mensagem e espero que vá no meu casamento. – Nos despedimos e entrei no carro.

Quando cheguei no condomínio vi que tudo era muito chique e lindo, nossa eu poderia passar horas olhando para aquela fachada.

— Bom dia, está indo para a casa do senhor Thiago?

— Sim, eu serei a nova babá do filho dele. – Entreguei minha documentação e depois de constatar quem eu era de verdade, entrei.

Uma empregada abriu a porta e me pediu para aguardar, a casa dele é imensa e põe a minha no chinelo, vi a foto de uma mulher morena, na foto ela estava sorridente e por impulso peguei o porta retrato para ver mais de perto, a mulher era muito parecida comigo a única diferença eram os cabelos negros, o tom de pele um pouco mais amendoado e uma pintinha no rosto.

— Gostou do que viu? – Ele me pegou de surpresa.

— Desculpe, sua casa é muito linda. – Thiago deu de ombros e me chamou para poder me mostrar os cômodos da casa para que me habituar.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo