Romão virou-se e saiu, indo para o escritório, ainda tinha muito trabalho inacabado da empresa, mas preferiu ficar em casa para vigiar o tratamento que dariam a Lia. Tudo correu bem durante aquele período de doze semanas, até que ela começou a sentir-se mal. Tinha muitas cólicas e vomitava muito. Nada parava em seu estômago e desmaiava a todo instante. Ele ligou para a médica e informou o que estava acontecendo, a doutora pediu que ela fosse com urgência ao hospital para fazer uma bateria de exames. Romão estava preocupado com essa situação e levou-a ao hospital, imediatamente e a internaram. Iniciaram os exames no dia seguinte e ela estava um pouco mais aliviada, não havia vomitado e nem desmaiado, porém, sentia uma fraqueza estranha e cólicas. A médica entrou no quarto e sua expressão já dizia que ela não estava nada satisfeita. Romão percebeu e perguntou: — O que é doutora, o bebê corre risco? — Sim, ela teve uma ameaça de aborto. Segundo os exames, o sangue do feto
No corredor, encontrou com Romão e aproveitou para lhe pedir que não fumasse tanto ali dentro, pois o quarto da paciente estava impregnado com o cheiro do fumo e isso fazia mal a ela. — O senhor pensa que eu não sei que está interessado em minha esposa? Não adianta implicar comigo, ela não vai me deixar pelo senhor. A expressão de ironia no rosto de Edson, mostrava toda a sua preocupação com o que o homem estava falando, simplesmente virou-se e foi embora, não precisava dar satisfação para aquele ser ignorante. Verificou o quadro de funcionários que cuidaria da paciente e fez uma série de restrições, lembrou a segurança de que a paciente já havia sofrido um atentado lá dentro e reforçou a guarda no corredor do quarto dela. Enviou um memorando para todos os funcionários que lidavam diretamente com ela e alertou-os para quem entrava e quem saía do quarto. Não queria correr o risco de atentarem contra a vida dela novamente. Não podia fazer mais nada do que
Elas não sabiam que Lia estava atrás da porta e ouviu tudo. Ela sorriu e achou uma boa vingança deixá-las preocupadas até o final, não queria aquele bebê. Foi tomar um banho e vestiu uma camisola confortável, sentou-se na cama e abriu seu celular, comunicando-se com Cláudia. — Como você está, amiga? Chegou bem? — Sim, arrumaram um quarto novo para mim e tem até um espaço para eu poder trabalhar. Peça a Cecília que envie os projetos e escolherei o que fazer. — Tem certeza de que já pode voltar ao trabalho? — Sim, desde que não me perturbem. Se nós abrirmos um processo agora, quanto tempo demora para ele ser preso? — Tem muitas variáveis, meu bem. Pode levar dois anos, mas não se esqueça da denuncia do hospital. — Acompanhe como está o andamento. Não pensei que levasse tanto tempo assim. — Eu avisei para fazer logo. — E quantos anos de prisão? — Depende das acusações, mas pode ser em torno de uns dez anos. Com agravantes, como no seu caso
Lia lembrou de seu pai e do estudo bíblico.— Meu pai sempre cita a bíblia, ele nos criou indo à igreja e aprendendo catecismo e na bíblia tem um versículo que diz que aquele que está sujo, suje-se mais ainda. Creio que Romão fez exatamente isso. — Tudo o que eu quero é que você esteja bem, gostaria muito que passasse aqui amanhã para conversarmos e se quiser, pode visitar sua irmã. Não tem ninguém com ela, você sabe se sua mãe viria lhe fazer companhia? — Vou ligar para ela, é melhor que ela saiba por mim. Ok, te espero amanhã, tudo bem? — Sim, tudo bem. Depois que se despediram, ela ligou para o pai e avisou do ocorrido com Raquel e Romão. — Então ele é um predador, abusou das minhas duas filhas, que homem sem brio. Volte para casa querida, não quero você aí, à mercê dessa sogra rabugenta. — Vou me organizar. Veja com a mamãe se ela pode ir fazer companhia para a Raquel, amanhã eu vou ao hospital e passo lá para vê-la. Noêmia pegou o celular
A vontade de Raquel era de continuar reclamando, mas com sua mãe, corria o risco de apanhar que nem criança travessa. O dia nem tinha clareado, quando Lia levantou-se e deixou a mansão, dirigindo seu Bentley para o seu apartamento. Saiu bem cedo para evitar encontrar com as pessoas da casa e os possíveis jornalistas e midiáticos que poderiam aparecer. Entrou no Condomínio, depois de se identificar na portaria. Aproveitou para avisar que não permitia a entrada de ninguém que não fosse sua advogada. Estacionou na área reservada em frente ao prédio, pediu ajuda ao porteiro para carregar sua bagagem e pegou o elevador para sua cobertura. Ao entrar em seu apartamento, largou a mala no rol, empurrou a caixa com o pé e trancou a porta. Foi até a porta dupla de vidro que saía para a varanda ampla, abriu e saiu. Chegou na mureta de proteção e inspirou profundamente o ar puro e fresco. A visão que tinha era linda, a mata sobre os morros próximos e parte da Lagoa Rodrigo
Charles era o assistente pessoal de Edson e trabalhava em todas as áreas, não diretamente com o hospital ou com a empresa. Ele saiu para resolver o que tinha para resolver no escritório e Edson ficou esperando para se encontrar com Lia. Ela chegou ao quarto e entrou sem bater, queria causar impacto com sua presença e causou. Lia! O que faz aqui? — Raquel questionou, sentando na cama rapidamente, assustada. — Que bom que chegou, querida, obrigada. — Noêmia segurou o braço de Lia e beijou sua face. — Eu prometi, então... Como ela está? — Rabugenta. — Ei! Eu estou aqui, aliás, não me sinto nada bem. — falou lentamente e deitou-se novamente nos travesseiros, parecendo quase desmaiar. Lia aproximou-se e percebeu que ela estava muito pálida. Verificou sua pulsação e viu que estava fraca, então tocou a campainha, chamando a técnica de enfermagem, que entrou no quarto, rapidamente. — Oi, o que houve? — Ela parece que não está bem, sua
Depois de falar, Lia saiu e deixou Raquel muito irritada e gritando. A técnica veio e lhe aplicou um sedativo. Ninguém queria aturar uma pessoa tão irascível. Lia enviou uma mensagem para Edson, avisando que estava livre e ele não respondeu, o que causou uma certa apreensão nela, mas nem deu tempo de pensar muito, ele apareceu em sua frente em um instante. — Cheguei! — Oh! Ela sorriu, mostrando os dentes brancos e bonitos e ele correspondeu. Os dois se fitaram por um tempo, apreciando a presença um do outro. O sorriso era recíproco, assim como o sentimento que transmitia. Edson chegou a se inclinar, quase beijando os lábios macios, mas ela, envergonhada, afastou-se, olhando para as mãos. Ele disfarçou o interesse, pois sua precipitação podia a afastar, ainda era muito cedo para ela aceitar outro envolvimento. Sem contar, que estava grávida e o marido, preso. — Desculpe se a assustei, mas confesso que fiquei por aqui, esperando você sair. — Estou ma
Ficaram compartilhando o projeto por muito tempo, até que a secretária avisou que já estava na hora do intervalo para o almoço. Edson olhou para ela e seriamente falou: — Preciso lhe contar uma coisa, mas podemos conversar enquanto almoçamos, podemos ir? — Sim, vamos. O celular de Lia avisou a chegada de mensagem, ela verificou e franziu o semblante. — Algum problema? — Minha sogra teve um ataque cardíaco e está internada. — Deve ter sido a notícia sobre o filho. O que você quer fazer, ir até lá para ver como ela está? — Não é mais da minha conta, minha advogada já está dando entrada nos papéis do divórcio e com Romão preso, não devo mais nada a ele. — E o bebê? — É deles, sou só a chocadeira! — No mesmo instante que falou, ela arrependeu-se, não era justo para com ela mesma ficar se depreciando. Edson percebeu a angústia dela por estar naquela situação e tentou consolá-la: — Não fique assim, falta pouco e tudo fic