Pietra
A manhã começou com uma leve brisa entrando pela casa, e, por mais que minha mente estivesse ocupada com mil pensamentos, me sentia animada. Apesar de todos os altos e baixos, as coisas pareciam estar finalmente entrando nos eixos.
Entrei no quarto de Andressa com um sorriso, determinada a começar o dia com energia positiva. Ao ver que ela já estava acordada, fui direto até a janela para abrir as cortinas e deixar o sol iluminar o espaço.
— Bom dia, dorminhoca — brinquei, virando-me para ela.
Andressa respondeu com um "bom dia" fraco, e meu coração imediatamente apertou. Havia algo diferente no tom dela, uma falta de entusiasmo que me preocupou.
AntonEstava voltando para casa depois de um dia longo na Baumann. As últimas semanas na empresa foram intensas, mas satisfatórias. Estar envolvido na gestão, aprendendo e tomando decisões reais, tinha mudado minha perspectiva sobre muitas coisas. Porém, nenhuma mudança tinha sido tão impactante quanto Pietra. O pensamento de que, pela primeira vez, eu estava construindo algo significativo, era graças a ela.Enquanto estacionava o carro na garagem da mansão Baumann, meu celular vibrou. Peguei-o automaticamente, esperando que fosse uma mensagem de Anneliese ou de algum colega do trabalho. Mas o nome que apareceu na tela fez meu coração disparar: Pietra. O alívio inicial de ouvir algo dela rapidamente se transformou em um frio na espinha ao ler a mensagem.
PietraA forma como Anton reagiu à notícia da gravidez foi tão inesperada, tão cheia de alegria genuína, que me deixou sem palavras. Eu havia imaginado tantos cenários diferentes em minha mente, mas nenhum deles envolvia ele me abraçando como se tivesse acabado de receber o melhor presente de sua vida. Ser mãe não era algo que eu havia planejado para agora, não nesse momento tão incerto, mas era impossível não me contagiar com a felicidade de Anton.Ele falava sem parar, planejando celebrações, imaginando como contaríamos para sua família e até sugerindo nomes para o bebê. Enquanto Anton via isso como um sonho, eu não conseguia ignorar a sensação de que, em algum momento, o chão poderia sumir debaixo de nós.Consegui convencê-lo a esperar até domingo para contar à família. Ele concordou, claro, mas a empolgação dele era tamanha que me perguntava se ele conseguiria segurar a língua até lá. Enquanto isso, meus próprios sentimentos eram uma mistura de nervosismo e ansiedade. Por mais qu
AntonA conversa com Aaron foi breve, apesar da chegada de Annelise com sua impulsividade. Quando voltei para a sala de estar, encontrei Anneliese e Pietra conversando.Anneliese ria de algo, gesticulando animadamente, mas o que chamou minha atenção foi o rosto de Pietra. Sua expressão estava distante, quase fechada, completamente diferente da mulher que eu havia deixado ali minutos antes. Era como se algo tivesse mudado drasticamente, e meu instinto gritou que havia algo errado.— Pietra, vamos? — perguntei, tentando esconder a preocupação.Ela concordou rapidamente, como se estivesse ansiosa para sair dali. Sabia que ela devia estar preocupada com os irmãos. Mesmo que Andressa estivesse se recuperando bem, Pietra nunca relaxou completamente. Era sempre vigilante, temendo que algo pudesse sair do controle, especialmente com Andressa ainda em recuperação e Isaque tão pequeno e cheio de energia.No caminho de volta para a casa dela, tentei conversar, mas suas respostas foram curtas, qu
PietraEstava arrumando o quarto de Andressa quando o som do celular vibrando sobre a mesa de cabeceira ecoou pela terceira vez naquela manhã. Nem precisei olhar para saber de quem era a chamada. Mais uma vez, Anton.Minha mão hesitou por um momento, mas continuei dobrando o cobertor, ignorando o aparelho como havia feito nas últimas vezes. Ele não desistia, e isso só tornava as coisas mais difíceis para mim.— De quem é? — perguntou Andressa, me observando com aquele olhar curioso e perspicaz que ela sempre tinha.— Número desconhecido — menti, virando-me para ajeitar os travesseiros.Andressa arqueou as sobrancelhas, sem parecer co
AntonSenti o peso de cada segundo enquanto encarava Pietra, aguardando sua resposta. A tensão no ar era quase palpável, e eu mal conseguia respirar. Tudo o que queria era estar ao lado dela, especialmente agora, quando nossa vida estava prestes a mudar de uma maneira tão grandiosa. Mas a distância que ela vinha impondo era dolorosa, como se cada recusa fosse mais uma barreira entre nós, e eu já não sabia mais como derrubar esses muros.Quando finalmente ouvi sua resposta, foi como se o ar voltasse aos meus pulmões.— Tudo bem, Anton. Você pode me acompanhar na consulta. — ela disse. — Eu sei que preciso pensar em outra pessoa até mesmo antes de pensar em mim. Eu preciso pensar no meu bebê.
AxelQuando Fred saiu em companhia de Kimberly, cheguei ao ponto de fazer algo que eu jamais imaginei que faria: pedir a Fred que a seguisse e tivesse certeza de onde ela morava. Ele hesitou no início, talvez por achar que eu estava cruzando uma linha que não deveria, mas eu o convenci, ou talvez o pressionei, a fazê-lo. Descobrir onde Kimberly morava parecia ser a única forma de encontrar um ponto final para minha obsessão.Assim que soube o endereço, me peguei fazendo algo ainda mais absurdo: coloquei alguém de prontidão para rondar a casa dela. Sempre de forma discreta, é claro. Quando os relatóriso acompanhados de videos e fotos chegavam, eu me sentia como um maldito perseguidor, algo que eu desprezava, mas não conseguia parar.Nos primeiros dias, a rotina dela parecia simples. Ela saía pela manhã e voltava no final da tarde. Em alguns momentos, outra garota, que parecia ser sua amiga ou talvez colega de casa, também aparecia. Elas conversavam na entrada, riam, e depois desapareci
KimberlyTudo ao meu redor parecia girar. Eu conseguia ouvir vozes, mas elas estavam distantes, abafadas, como se eu estivesse debaixo d’água. A dor latejava em meu joelho, e minha cabeça parecia prestes a explodir. Eu não conseguia entender como tudo tinha acontecido tão rápido. O carro, o impacto, e... Axel. Axel estava ao meu lado, sua voz grave soando como uma âncora tentando me puxar de volta à realidade.— Kimberly! Você está me ouvindo? Fale comigo!Abri os olhos lentamente e vi seu rosto acima do meu, os olhos negros arregalados e cheios de preocupação. Era surreal. O que ele estava fazendo aqui? E por que parecia tão desesperado?Tentei me mexer, mas meu corpo não respondia como eu queria. Foi então que, instintivamente, minhas mãos foram até minha barriga. Uma onda de terror percorreu meu corpo, mais forte que qualquer dor física que eu pudesse estar sentindo.— O meu bebê... — sussurrei, minha voz fraca, mas o suficiente para captar a atenção de Axel.Ele franziu o cenho, c
AxelO treino de hoje foi uma perda de tempo. Desde o primeiro aquecimento, eu sabia que não ia conseguir render nada. Meus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Cada chute que errava, cada jogada que deixava passar, só aumentava a irritação. O técnico até perguntou o que estava acontecendo, mas não dava para explicar. Não ali, na frente de todo mundo. Então só balancei a cabeça, dei uma desculpa qualquer e voltei para o campo.Quando finalmente nos dispensaram, eu não perdi tempo. No vestiário, tomei um banho rápido, nem prestei atenção nos caras conversando ao meu redor. Não era como nos outros dias, quando eu tentava me enturmar, puxar assunto, rir das piadas. Hoje, eu só queria ficar longe de t