AntonAcordei com uma dor latejante na cabeça e o gosto amargo na boca que só a ressaca podia trazer. Fazia tempo que não me sentia assim. Permaneci deitado, encarando o teto, enquanto flashes da noite anterior surgiam na minha mente.Tony, a boate, os drinques que eu sabia que não devia ter tomado. E então, Anneliese. Sua intervenção não só havia evitado que eu fizesse algo estúpido, mas também me lembrado de que tinha pessoas ao meu redor que realmente se importavam comigo.Apesar de não ter feito nada de errado, sabia bem como aquelas noites terminavam quando eu estava com Tony. Mulheres que eu mal conhecia, um vazio ainda maior ao acordar no dia seguinte. Só de pensar na possibilidade de ter cometido um erro assim, algo que destruísse qualquer chance com Pietra, sentia um nó no estômago.Suspirei e fechei os olhos por um momento. Não podia continuar assim, tão perdido e sem rumo. Precisava encontrar uma maneira de me reaproximar de Pietra, de mostrar a ela que ela pode confiar em
PietraApesar de ter concordado em dar um passo de cada vez com Anton, a dúvida ainda me corroía por dentro quase uma semana após a consulta com obstetra. Eu não conseguia ignorar a sensação de que, de alguma forma, todo o esforço de Anton para me conquistar foi baseado pela exigência do avô dele por um bisneto.No domingo, quando a campainha da minha casa tocou no final da tarde, meu coração disparou. Era como se eu soubesse que era Anton antes mesmo de ouvir sua voz. Ele estava estranhamente em silêncio o dia inteiro, e considerando o quanto ele era insistente, aquilo me deixou desconfiada.Fiquei parada, olhando para a porta como se pudesse adivinhar o que fazer apenas encarando-a.— N&atil
AxelFazia uma semana que eu tinha entrado em contato com Ettore, confiando a ele a tarefa de descobrir tudo sobre Kimberly. O silêncio dele estava me deixando inquieto. Não era do feitio dele demorar tanto sem sequer um retorno. Algo não fazia sentido. Eu queria ir até ela, descobrir por conta própria, mas Fred me impediu.— Você não vai ser bem recebido, Axel. — Ele disse, como se eu precisasse ser lembrado disso.Kimberly foi clara. Ela quer distância de mim, e por mais que tudo dentro de mim gritasse para desobedecer, eu estava tentando respeitar esse desejo. Ao menos por enquanto. Mas essa espera estava me consumindo. Meu rendimento nos treinos estava péssimo, e eu sabia que não podia me dar ao luxo de errar. Estava em um novo time, ganhando
AxelEu estava perdido. A revelação de Ettore ainda ecoava na minha cabeça, distante e ao mesmo tempo ensurdecedora: eu era o pai do filho de Kimberly. Meu filho. Meu.Senti o peso daquela afirmação me esmagando. Meus pensamentos estavam embaralhados, desconexos. Como isso era possível? Kimberly... a mulher que me confundia, que me desafiava, que parecia uma cópia de Priscila e, ao mesmo tempo, tão diferente. Como eu poderia conviver com isso? Como eu poderia simplesmente aceitar essa realidade sem questionar?Me virei para Ettore, repetindo a pergunta que já tinha feito inúmeras vezes.— Você tem certeza disso? — Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.<
KimberlyEu não esperava visitas naquela tarde. Desde que recebi alta do hospital, minha vida voltou a um ritmo mais tranquilo, e eu estava tentando me adaptar novamente à rotina com Kathleen.Quando a campainha tocou, eu fui atender sem me questionar quem poderia ser. Mas, ao abrir a porta, meu corpo todo congelou. Axel estava parado ali, alto, imponente. Meu primeiro instinto foi fechar a porta na cara dele, mas minha surpresa me manteve imóvel por alguns segundos.— Podemos conversar? — ele perguntou, a voz baixa e firme.Uma risada seca escapou dos meus lábios antes que eu pudesse contê-la.— Não temos nada para conversar. AxelPor algum motivo que eu não conseguia explicar, não havia dúvida dentro de mim. Aquele filho era meu. Eu sentia isso com uma convicção quase irracional, uma certeza que nenhuma prova poderia mudar. Fred, como sempre, tentou me trazer de volta à realidade com sua visão pragmática e cética.— Axel, você está se iludindo de novo — Fred disse, sentado na poltrona da minha sala de estar, com um copo de uísque na mão. — Essa mulher é idêntica à Priscila. Você está projetando nela tudo o que sentiu por aquela mulher. E agora, com essa história de gravidez... você está caindo na mesma armadilha.Eu senti a raiva subir dentro de mim, mas me controlei. Fred era meu amigoA Surpresa na Porta
KimberlyQuando entrei em casa, a última coisa que eu esperava era encontrar minha irmã saindo do banheiro com um homem que eu nunca tinha visto na vida. Ele estava usando um roupão felpudo, o cabelo ainda molhado, como se tivesse acabado de sair do chuveiro. Kathleen estava ao lado dele, com uma expressão que eu só poderia descrever como um misto de surpresa e constrangimento.Eu tinha dito a Kathleen que não jantaria em casa porque iria a um pub com uma antiga colega de faculdade. Mas, no fim das contas, acabei sentindo uma náusea terrível e cancelei o encontro. Decidi voltar para casa, esperando encontrar um pouco de paz e silêncio. Mas, claro, as coisas nunca são tão simples assim.Eu não disse uma palavra. Nem "oi", nem "quem é vo
AxelEu estava concentrado na minha rotina matinal, tentando afastar os pensamentos sobre a noite anterior, quando Ettore entrou na cozinha e puxou uma cadeira diante de mim.— O que pretende fazer agora? — Ele perguntou sem rodeios, pegando uma xícara de café antes mesmo de eu responder.Eu sabia exatamente a que ele se referia. Kimberly. A cena da noite anterior ainda me incomodava. Eu tinha ido até sua casa decidido a resolver aquela situação, mas, em vez disso, fui recebido por um homem de roupão felpudo, recém-saído do banho. O desconforto e a irritação voltaram com força só de lembrar daquela imagem.— Vou treinar. — Disse, dando um gole no café. — E mai