Eu observei Bernardo em pé diante de mim, a tensão evidente em seu rosto. Ele estava tentando escolher as palavras certas, como se temesse que qualquer coisa dita pudesse desencadear uma tempestade. Eu sabia o que ele estava pensando: que eu iria explodir em ciúmes, acusá-lo de algo, exigir explicações. Mas, para a surpresa dele, eu não tinha a intenção de fazer isso.
Antes que ele pudesse articular qualquer desculpa ou justificativa, eu me levantei da cama, com o coração batendo rápido no peito. Caminhei até ele, a pouca distância entre nós sendo vencida por um impulso que eu nem tentei conter. Segurei seu rosto com as duas mãos e o beijei.
Quando nos separamos, vi a confusão em seus olhos, mas também um alívio que ele tentava disfarçar.
— Desculpa, Bernardo — sussurrei, olhando diretamente para ele. — Você tem razão. Eu não estou tentando o suficiente. Mas eu vou mudar isso.
Ele piscou algumas vezes, como se processasse minhas palavras, claramente pego de surpresa.
— Quando voltarmo