Na casa de Pitter, o silêncio tinha um peso próprio.
Depois de voltar ao quarto e vestir seu pijama, Amara atravessou o corredor como se fugisse de algo — ou de alguém. Seu destino era claro: o quarto de Théo.
— Théo… — disse baixinho, com uma expressão frágil no rosto. — A tia está com um pouco de medo do escuro hoje. Posso dormir com você?
O menino sorriu como se já esperasse por ela. Sempre tão doce, ele afastou os cobertores e cedeu boa parte do colchão, abrindo espaço com generosidade.
— Obrigada, querido… Boa noite, meu amor — murmurou Amara, abraçando-o com ternura.
Ali, naquele abraço miúdo, encontrou um abrigo. Théo era seu pequeno amuleto contra o caos. Tudo o que tinha vivido naquele dia ainda dançava em sua mente como um pesadelo acordado. Seu coração batia fora do compasso, e era difícil entender o que sentia. Medo. Raiva. Confusão. Desejo. Tudo misturado.
A linha que separava ela e Pitter parecia tênue demais. Como se pudesse se romper a qualquer instante. E se isso acont