Helena narrando…
As horas passaram e o som da chuva ainda batia suave contra os vidros da cobertura, como se o céu tivesse decidido chorar comigo. Cada gota parecia um lembrete — de que o mundo lá fora continuava girando, enquanto o meu tinha parado.
Eu fiquei ali, no sofá, imóvel. As palavras do Lorenzo, a presença dele, o toque firme e contido… tudo se misturava dentro de mim. Mas nada, absolutamente nada, era capaz de preencher o buraco que se abria no meu peito.
Minha mãe.
A mulher mais forte que eu conheci. A que me ensinou tudo — desde segurar um talher até segurar as pontas quando o mundo desabava. E agora ela não estava mais aqui.
Por um tempo, só fiquei observando as luzes da cidade refletidas nos vidros molhados. Lorenzo foi para o escritório, deixando o mesmo silêncio impecável de sempre atrás dele. Eu sabia que ele tinha tentado — da maneira dele — me confortar. E, no fundo, isso tocou algo em mim. Mas agora, sozinha, tudo voltava com força.
O relógio marcava q