Lorenzo Narrando...
Desço as escadas devagar, o som ritmado dos meus passos ecoando no piso de mármore. A cada degrau, a imagem dela volta à minha mente — o vestido azul, o olhar calmo demais pra quem sabe que está indo pra um palco de mentiras.
Quando chego ao último degrau, ela já está em pé, à minha espera. O brilho discreto da maquiagem realça os traços do rosto, e por um instante me pergunto se ela faz ideia do efeito que causa.
Respiro fundo.
— Vamos? — pergunto, a voz firme.
Ela apenas assente. Nenhuma palavra. Só aquele olhar controlado, como se estivesse pisando em vidro e soubesse que qualquer passo em falso pode cortá-la.
Caminhamos lado a lado até o elevador, entramos e descemos em completo silêncio.
Assim que o elevador se abre, o motorista já está na entrada do hall da cobertura, esperando com a postura impecável de sempre.
Assim que ele abre a porta, faço um gesto para que ela entre primeiro. Helena hesita por meio segundo — talvez por educação, talvez