Sarah
A pele dela foi limpa, maquiada e preparada para ser tão bela quanto já foi um dia. Estou em pé, aqui nessa sala esterilizada, vendo a mulher que me ensinou o melhor e o pior que eu poderia conhecer, estou aqui a cerca de meia hora.
Minhas mãos trêmulas tocam em seus cabelos escuros com carinho, cada sentimento que antes se mantinham a margem, agora borbulhando para fora, me estimulando a permitir sentir tudo, cada pedaço.
Duas mãos fortes seguram com força meus ombros, me mantendo ali, me dizendo que está tudo bem desabar agora.
As lágrimas começam a descer finalmente e aos poucos. Cada armadura que minha mente havia criado para não me permitir sentir, agora ruindo. A raiva que antes eu nutria com esperanças de me manter firme, agora se desfazem como um banco de areia.
Ela realmente se foi. Depois de mais de dez anos, essa é a primeira vez que eu a toco e sua pele está tão fria quanto meu mundo sem a sua presença.
Meu pacotinho...
Ela adorava me chamar assim... como se eu fosse