Capítulo 6

Arthur deu um sorriso quando reconheceu a moça que havia acabado de salvar e não pôde deixar de implicar com ela:

— Não sabia que já estávamos nos tratando pelos primeiros nomes!

Ela rapidamente se levantou, ajeitando seu vestido.

— Eu peço desculpas senhor Fonseca, me precipitei devido ao susto.

Arthur a ficou encarando, ele havia gostado muito de ouvir ela lhe chamando pelo primeiro nome e imaginou como seria na intimidade. Aquele pensamento o deixou um pouco transtornado, mas ele conseguiu disfarçar.

— Temos que parar de nos encontrarmos assim, se não vou achar que gosta de estar em meus braços.

Eloise corou. Nenhum homem jamais havia falado daquela forma com ela. Um calor começou a invadir todo seu corpo ao imaginar-se nos braços dele. Então ela espantou aqueles pensamentos, afinal não eram adequados.

— O senhor está muito convencido!!!

Ele sorriu novamente e olhou para Firmina perguntando se estava tudo bem com ela. Esta apenas assentiu. Então ele ofereceu o braço a Eloise e disse:

— Permita-me que lhe acompanhe senhorita… deveria chamá-la de senhorita Queiroz?

Eloise deu o braço a ele e eles foram caminhando. Ela tentou não demonstrar nenhuma surpresa por ele ter descoberto seu sobrenome.

Firmina vinha logo atrás, como era muito discreta, não se meteu em nenhum momento na conversa, apenas assentindo quando ele lhe fizera uma pergunta. Ficara preocupada com Eloise, mas quando viu que ela estava a salvo, ficou na sua.

Após um silêncio, Eloise resolveu ceder:

— Me chamo Eloise Queiroz.

Arthur pronunciou o nome em sua cabeça e gostou de como ele soava.

— Fico feliz de confiar a mim seu nome.

— Dadas as circunstâncias, acredito que posso confiar no senhor.

Eles seguiram caminhando sem rumo ou direção, apenas andando pela calçada, desfrutando a companhia um do outro. Ao chegarem próximo a uma praça eles pararam. Eloise se virou para ele e disse:

— Obrigada por me salvar!

Arthur não conseguia parar de olhar para ela, seus olhos verdes como de um lago, os cabelos pretos presos, sua pele era levemente bronzeada, ao contrário das outras moças que conhecia, que evitavam ao máximo pegar sol. Os lábios eram cheios e vermelhos e ele queria muito saber que gosto tinham.

Ao perceber que ele a estava encarando, Eloise ficou sem jeito, nenhum homem jamais a olhou assim, claro que já recebera muitos elogios, alguns até tentaram lhe beijar, mas aquele olhar era puro desejo, ela podia ver que ele a queria e isso mexeu muito com ela e era preciso quebrar aquele torpor:

— Senhor Fonseca? Está tudo bem?

Arthur voltou a si e deu um sorriso para ela.

— Está sim, perdoe os meus modos. É que nunca conheci uma dama como a senhorita.

— Como eu? O que quer dizer?

Arthur olhou para longe, buscando as palavras certas para responder:

— De uma beleza encantadora, corajosa, inteligente… teria tanto para dizer, mas prefiro conhecê-la melhor, se me permitir.

O coração dela acelerou e a fez lembrar do compromisso que seu pai tinha firmado com Estevam. O destino seria mesmo tão cruel? Colocando em seu caminho um cavalheiro que finalmente apreciava a companhia logo agora?

— O senhor me deixa sem graça. Agradeço os elogios. Posso lhe fazer uma pergunta?

— Quantas quiser.

Ela sorriu para ele. Era a primeira vez que ela sorria e agora ele precisava acrescentar isso a lista de coisas que mais gostava nela. Certamente ele estava mesmo perdido.

— Eu nunca o vi antes por aqui ou em algum baile, o senhor não morava aqui?

— És bem observadora. Mas respondendo a sua pergunta, eu estava fora estudando, tem uma semana que retornei.

Ela deu um sorriso novamente.

— Se o senhor frequentasse os bailes saberia que são sempre as mesmas pessoas que lá estão.

Ele sorriu para ela:

— Então acho que saberei em breve, tenho um baile para ir no próximo sábado.

Eloise o encarou surpresa:

— Do senhor Barbosa? Eu também estarei lá.

Os olhos deles se encontraram por um momento e ficaram se encarando, então Arthur falou:

— Fico realmente muito feliz em saber.

E logo em seguida acrescentou:

— A senhorita me concederia uma dança?

Ao se imaginar novamente nos braços dele, fez com que ela sentisse um calor atravessando todo o seu corpo. Como ele poderia causar tais sensações nela?

— Posso pensar a respeito.

Eles ficaram um tempo em silêncio observando as outras pessoas na praça. Então Eloise disse:

— Eu preciso ir para casa.

Arthur olhou para ela:

— Eu posso acompanhar a senhorita até sua carruagem?

Ela assentiu mostrando a ele o caminho.

Enquanto caminhavam falavam sobre o clima e coisas triviais. Quando chegaram até a carruagem, Firmina entrou e Arthur ajudou Eloise, mas antes que ela entrasse, ele puxou sua mão e a beijou, olhando diretamente em seus olhos.

— Foi um enorme prazer desfrutar da sua companhia.

Eloise lhe deu um sorriso tímido e fez uma reverência.

— O prazer foi meu senhor Fonseca. Nos vemos no baile.

Ela entrou na carruagem e esta logo partiu, deixando Arthur com seus pensamentos.

No interior da carruagem, Firmina olhava para Eloise curiosa e com um sorriso divertido.

— Não estou entendendo esse sorrisinho em sua boca Firmina

Firmina era uma das escravas que eles mantiveram. Ela ajudava na casa e era dama de companhia de Eloise.

— Que belo rapaz a senhorita conheceu.

Eloise fica pensativa, a verdade é que ela gostou da companhia de Arthur, mas agora seu pai firmou compromisso com o senhor Barros.

— Meu pai já deu permissão ao Estevam para me cortejar.

— A senhorita comentou que ele só a pediria em um mês…

Eloise contava tudo a Firmina.

— Sim, mas para meu pai e o senhor Barros já está tudo acertado… você precisa me ajudar Firmina, eu não posso casar com Estevam. Já não podia antes e agora…

Firmina a encarou com pesar.

— Agora que está se apaixonando?

Eloise não havia pensado sobre isso. Será que poderia estar se apaixonando por alguém que encontrou apenas duas vezes?

O fato era que nunca gostara de Estevam, sabia que ele não seria um marido fiel. E sim, queria ter a chance de conhecer melhor Arthur.

— Não posso negar que gostei da companhia dele e queria conhecê-lo melhor… você sabe alguma forma que eu possa me livrar desse casamento sem prejudicar minha família?

 Firmina a olhou sem saber o que responder.

— Nós vamos pensar em algo… não se preocupe!

Eloise ficou pensativa olhando pela janela da carruagem, seguindo em silêncio o resto do trajeto até em casa.

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