Vinícius Vasconcellos
Um mês. Trinta dias inteiros. E nem por um segundo consegui me sentir inteiro.
Acordava todos os dias ao lado da mulher que eu mais amo no mundo… mas era como se eu estivesse a quilômetros de distância dela. Do mundo. De mim mesmo.
A rotina parecia a mesma, mas nada era como antes. Eu não era mais o mesmo.
Desde que perdi meu pai e o nosso bebê, algo em mim morreu também. A única coisa que ainda me mantinha de pé era o trabalho. Herdei tudo: empresas, responsabilidades, negócios — até mesmo os que meu pai nunca teve coragem de me contar. E talvez tenha sido melhor assim… ou não.
Eu passava horas fora de casa. Mergulhado em documentos, reuniões, problemas. Não escrevia mais. Não tocava na minha esposa. Não sorria. Não vivia.
À noite, chegava tão tarde que ela já estava dormindo. Ou fingindo que estava.
Aquela noite foi igual.
Deitei na cama em silêncio, só pra vê-la dormir. Era meu único momento de paz. O único que ainda me fazia lembrar de quem eu era antes.
— No