Narrado por Sara Vasconcelos
Olhei praquele copo com suco como se fosse veneno. Porque, tecnicamente, era. Só que Carmem parecia mais animada do que gente em liquidação de eletrodoméstico.
— Carmem, isso é laxante?
Ela respondeu com um “sim” tão sereno que me deu medo. Sério. O tipo de “sim” que vem antes do caos.
Olhei de novo pro copo. Só conseguia pensar que aquilo era uma sentença de prisão. Ou de internação.
— Meu Deus, você colocou muito...
Carmem sorriu. Um sorriso maligno. De novela das oito.
— É muito mesmo! Que ele passe a noite toda no banheiro pra aprender. Pronto, agora eu vou levar esse bolo e esse suco pra ele.
— Não, Carmem, isso é demais...
— Não é! Eu sei o que tô fazendo.
Ah, claro que sabe. Igual da vez que misturou vodka no pudim achando que era baunilha. Resultado: enterro do forno e do pudim.
Enquanto ela saía triunfante, eu só consegui murmurar uma oração baixa por Vinícius. E outra por mim mesma, porque sabia que ainda ia me envolver nessa bagunça.
Quando ela