narrado por : Sara
A casa parecia desabar sobre mim. Cada canto tinha cheiro dele, cada detalhe lembrava o gosto do beijo que ainda queimava nos meus lábios.
Mas o pior era o travesseiro.
Fedia a saudade.
Fedia a mentira.
Quando ouvi a voz da Carmen lá embaixo, tentei ficar quieta, mas era inútil. Ela era tipo alarme de incêndio: quando detecta merda, soa sem dó.
— Sara!!
Me encolhi ainda mais na cama, com o rosto molhado de tanto chorar. A dor latejava no peito como se tivesse alguém apertando meu coração com a mão. E quando a porta abriu, a Carmen me puxou pro peito dela. E ali eu chorei de novo, como criança que perde o brinquedo favorito.
— Ele disse que era real e eu acreditei... Eu pensava que ele me amava, Carmen. Mas não... eu fui uma burra.
Minha voz saiu baixa, quebrada. Eu me odiava por amar ele ainda.
Mas a Carmen era feita de outro material. De pedra com glitter e batom vermelho.
— Ele te ama, Sara, acredita em mim. Vinícius só é pior que o pai dele. Você acha que eu não