Narração: Vinícius Vasconcelos
A casa da minha mãe cheirava a flor, café e teimosia. Tudo junto. E lá estava ela, Carmem Vasconcelos, dona do meu estilo e da minha cabeça dura, ajeitando flores na mesa com aquele olhar de quem tenta parecer plena, mas tá prestes a soltar uma bomba.
Tomei um gole de suco, respirei fundo e fui direto ao ponto.
— Então, mãe... Como estão as coisas por aqui?
— Ótimas! — respondeu ela, sorrindo daquele jeito que só convence quem nunca viu ela num dia ruim. E eu? Conheço de cor.
— Você tem que voltar pra casa. Meu pai tá doente.
— Só se for de chatice.
Revirei os olhos e larguei o copo na mesa.
— Mãe, tô falando sério. Não sei exatamente o que ele tem, mas ele não tá bem.
— Ele veio aqui mês passado, ficou comigo, depois foi embora porque quis. Eu não mandei.
— Você sabe que ele não vai sair de perto dos cassinos.
— E eu não vou sair daqui.
A teimosia era genética. Mas o que me tirou da bolha foi a voz da Sara, vindo de perto, admirando a decoração da minha